Pondé na Folha de S. Paulo


Luiz Felipe Pondé passa, a partir de hoje, a escrever na Ilustrada. Pondé entra no lugar do poeta e crítico Nelson Ascher. Ainda bem que a Folha teve a perspicácia de não deixar o nível cair nas colunas da segunda. Professor da Pós-Graduação em Ciências das Religiões na PUC-SP, Pondé se destaca pela sua quebra de unanimidades intelectuais. Crítico das utopias românticas e da modernidade como "projeto de perfeição", o filósofo vai na contramão do discurso uníssono que caracteriza o ambiente universitário, principalmente aquele em torno das "humanidades". Vale a pena conferí-lo às segundas. Leia um trecho do seu primeiro texto:

"Quem tem medo do macaco?

QUEM TEM medo de Darwin? A religião, dirão os mais apressados. E com razão, se pensarmos na obsessão do debate Deus versus Dawkins.
A verdade é que na universidade esse problema é menor e esconde uma briga muito mais feroz. A briga com a teologia é menos significativa por duas razões básicas. A primeira razão é que o darwinismo é materialista como as ciências "duras" enquanto a teologia não é, e por isso ela toma de dez a zero.
A segunda razão é que a teologia é a louca da casa (vive de favor na universidade, não é ciência nem filosofia), relegada ao lugar de vender Jesus como um bom parceiro em lutas sociais ou um bom amigo quando você está deprimido, por culpa dos próprios teólogos que barateiam Deus. Com exceção da medicina, nenhuma "ciência" deveria se comprometer com a felicidade porque ela sempre fica boba quando faz isso. Explico-me: ou a teologia rompe com a "felicidade" ou ela será sempre ridícula.
A briga séria é entre o darwinismo e as teorias que negam qualquer influência biológica definitiva no comportamento humano. Existe um pânico contra a psicologia evolucionista e o macaco no homem e a macaca na mulher. E como a universidade funciona em lobbies, com perseguições e inquisições, facilmente você pode calar alguém se ele ou ela não concordar com você. A universidade é um dos lugares menos democráticos do planeta.
Essas teorias que temem o macaco afirmam que tudo no humano é socialmente construído. Obviamente essas teorias acham que salvarão o mundo, construindo seres humanos livres de seus instintos indesejáveis. Dizem elas: dê uma boneca cor de rosa pra meninos e eles crescerão pensando que são Cinderela. Se a boneca for um bebê, o menino terá desejos de amamentar bebês. Se ensinarmos as meninas a bater nos outros, elas serão como Clint Eastwood [...]"

1 comentários:

R. B. Canônico disse...

Eu gosto muito do Pondé, mas acho que ele pisou na bola nos comentários sobre a Teologia que ele fez ali no começo do texto...

De todo forma, é fundamental denunciar a Ideologia do Gênero.