Fellay, Roma e o Coetus Internationalis Patrum

O que as últimas ordenações dos lefebvristas significam?

Para Fellay significa um caminho normal da vida da FSSPX, além do mais, diria ele, com tolerância de Roma. Para os progressistas, um ato de provocação inaceitável. Falando sobre o Vaticano II, Fellay afirmou sobre o concílio, o grande problema teológico do grupo: “Não afirmamos que é tudo negro no Vaticano II, declarou o bispo, mas é preciso clarificar os textos para evitar as interpretações”. Segundo o chefe da fraternidade, quando "o papa condenou a hermenêutica da descontinuidade, ele condenou 80% do que está acontecendo na Igreja!”. Para mudar a Igreja de rota, segundo Fellay, o papa deveria esclarecer sobre as formas de interpretação do concílio. Interessantemente, cita a ocasião em que Paulo VI - que a partir desse momento foi taxado como um empecilho no processo, vamos dizer, "primaveril" de João XXIII, pelos bispos progressistas do concílio - interviu diretamente no concílio com sua famosa Nota Praevia, sobre como deveria ser interpretado o capítulo III da constituição dogmática Lumen Gentium: o episcopato exercia seu múnus "cum Petro, sub Petro". Dizia: "Colégio entende-se sempre e necessariamente como incluindo a sua Cabeça, que dentro do Colégio mantém íntegra a sua função de Vigário de Cristo e de Pastor da Igreja univesal [...] e porque o Sumo Pontífice é a Cabeça do Colégio, só ele pode por determinados atos, que não são de modo algum da competência dos Bispos, v.g., convocar e dirigir o Colégio, aprovar normas para a sua atividade". É algo desse tipo que Fellay espera de Roma sobre outros pontos dos documentos do Vaticano II. Mas, o que chama atenção realmente, com as palavras de Fellay, é que quem insistiu e pressionou Paulo VI para que tomasse medidas frente ao possível surgimento de interpretações maximalistas do capítulo e lutou aguerridamente contra a forma que estava foi a própria minorica conciliar organizada no Coetus Internationalis Patrum (Grupo de Padres Internacionais), que tinha como cabeças, Sigaud, Castro Mayer e Lefebvre. Não que eu esteja a dizer que Fellay pressiona Bento. Mas parece que correções em interpretações equívocas do concílio é propriamente um dos motes do pontificado de Bento XVI. Teremos sinais mais claros quando houver, se houver, a publicação de um novo moto proprio sobre a Ecclesia Dei.

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