A missão impossível dos três teólogos encarregados de "fazer as pazes" com os rebeldes de Êcone

Do blog de Paolo Rodari

Tradução livre

Roma. Além do secretário da Comissão Ecclesia Dei, monsenho Guido Pozzo, são três os teólogos que o papa escolheu para formar a delegação vaticana encarregada de conduzir o diálogo teológico com os tradicionalistas da Fraternidade Sacerdotal São Pio X com sede em Êcone. Um diálogo que se iniciará na metade de outubro e que deveria levar – mesmo se nenhum hoje sabe dizer como e sobretudo quando – à plena comunhão dos cismáticos de Marcel Lefebvre com Roma. Bento XVI escolheu os três ouvindo o parecer do cardeal Willian Levada, prefeito da Doutrina da Fé e presidente da Ecclesia Dei. Uma tarefa nada fácil confiada aos três e Pozzo: porque a “plena comunhão” quer dizer sanar todas aquelas questões doutrinais ainda não esclarecidas, questões que, hoje, não consentem à fraternidade gozar de um estatuto canônico na Igreja e aos seus ministros exercitarem de modo legítimo algum ministério. Com os lefebvrianos, quando se fala de questões doutrinais, se pensa principalmente, e legitimamente, em uma coisa: na interpretação que dão do Concílio Vaticano II. Em geral, e muito simplificadamente, a sua leitura dos trabalhos conciliares é oposta àquela de rottura estigmatizada por Ratzinger no discurso de 22 de dezembro de 2005 e posteriormente. Para eles, em geral, o concílio não representa um momento de novidade porque de ruptura com o passado, mas sim um momento de esquecimento porque não em linha com a Tradição precedente.

Guido Pozzo, por causa de Levada, dirige a Ecclesia Dei com equilíbrio e discrição. Não pertencem ao seu palavreado, portanto, tons excessivamente triunfalistas e nem mesmo o contrário. E estas características são as mesmas que formam a personalidade dos três teólogos escolhidos por Ratzinger: o domenicano suíço, o padre Charles Morerod, há pouco secretário da Comissão Teológica Internacional; o jesuíta alemão Karl Josef Becker, ex-docente de teologia na universidade gregoriana; o vigário geral da Opus Dei,o padre espanhol Fernando Ocariz Brana. Três teólogos de peso, inclinados a ler o Vaticano II em linha com Ratzinger e que deverão confrontar-se com uma delegação, a lefebvriana, da qual até o momento se conhece apenas o nome daquele que a cordenará: monsenhor Alfonso De Galarreta, um dos quatro bispos que Bento XVI retirou a excomunhão no inverno passado (janeiro de 2009). Charles Morerod, é decano da faculdade de filosofia na universidade Santo Tomás de Aquino, o Angélico, e escreve sobre a edição francesa da revista Nova et Vetera. Pela Doutrina da Fé dedicou vários estudos sobre o anglicanismo e com os lefebvrianos iniciou alguns contatos: mesmo ele, de fato, participou dos encontros preliminares com os expoentes da fraternidade. A sua idéia de ecumenismo é precisa e bem explicada em “Tradition et unité des chrétiens. Le dogme comme condition de possibilité de l’ecuménisme’”: os motores do esforço ecumênico são o dogma católico e a infalibilidade pontifícia. Karl Josef Becker, ensinou teologia sacramental na Gregoriana. A ele, o L’Osservatore Romano confiou em 5 de dezembro de 2006 (e não por acaso) um artigo de aprofundamento do discurso papal sobre a hermenêutica do concílio de 22 de dezembro de 2005. Enfim, Fernando Ocariz: vigário geral do Opus Dei, ensinou na Santa Croce e é autor de numerosas publicações. Nos seus escritos, dedicados à questão da interpretação homogênea da declaração sobre a liberdade religiosa Dignitates Humanae, a propósito do ponto mais sensível, ou a aparente substituição da teologia da tolerância com aquela da liberdade em matéria de direito público da Igreja.

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