O Vaticano II e os herdeiros de Joachim di Fiore

Mais uma vez Bento XVI deixa claro a que veio: levar a cabo, não exatamente uma "restauração" do "espírito tridentino", mas um reequilíbrio de tendências, no mais das vezes, contrapostas no interior da Igreja. Em sua audiência geral da última quarta (video aqui), Bento XVI afirmou "que após o Concílio Vaticano II, alguns estavam convencidos de que tudo seria novo, de que haveria outra Igreja, de que a Igreja pré-conciliar tinha acabado e de que teríamos totalmente ‘outra’." Citando Joachim di Fiore, Ratzinger afirmou que em alguns setores da Igreja se vive uma espécie de "espiritualismo utópico", que se opõe claramente à hierarquia da Igreja, reeditando, sem sombras de dúvida, o simbolismo construído por Fiore no século XIII, e que levou ao surgimento do dito "franciscanismo espiritual". Desde o próprio concílio, nos seus momentos finais, já se nota aqueles que vêem uma "nova fase" da história da Igreja, como se fosse a última, o "fim da história", bem ao estilo de Fukuyama. De fato, a de se concordar que transformações ocorrem, mudanças de percepção. Mas o próprio concílio deve ser entendido como um momento de reequilíbrio, como nos disse uma vez o historiador da Igreja Émile Poulat. Um momento de inflexão, não o fim da história.

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