Arquivos de Pio XII/ Hawking e Bento XVI

- O arquivos secretos do Vaticano sobre o período do pontificado de Pio XII (1939-1958) serão abertos entre 6 e 7 anos em vista da sua organização. O arquivo consta de 16 milhões de documentos!

- Bento XVI encontrou essa sexta-feira com o físico Stephen Hawking. O encontro se deu devido ao evento, intitulado "Compreensões Científicas para Evolução do Universo e da Vida" promovido pela Academia Pontifícia de Ciências.

Há 50 anos: João XXIII


Há cinquenta anos iniciava-se um dos pontificados mais comentados do século XX: o pontificado de Angelo Roncalli, o João XXIII. Levado ao papado para ser um simples papa de transição, Roncalli levou a Igreja a um dos momentos mais marcantes da história da Igreja do século XX: o Concílio Vaticano II. Com ele o papa desejava aggiornare (atualizar) a Igreja, colocá-la em diálogo com o mundo, percebê-lo de um jeito não só assinalado pela negativa, mas também aberta às indagações e ao seu desejo de autonomia. O breve papado de João XXIII deixou marcas profundas, principalmente pela convocação nem um pouco esperada pelos cardeais de um concílio. A figura de Roncalli é polêmica. Muitos o vêem como um papa, poderíamos dizer, "liberal", que possibilita a ascensão de correntes até então proscritas. Dessa percepção surgem dois juízos: um otimista e que vê em João XXIII a encarnação daquele papa tão necessário para o mundo moderno, e aqueles que o notam como aquele que colocou a Igreja na situação atual, de crise profunda.
Roncalli fez um papado, como todos os que se seguiram antes dele, marcado pelo signo da contradição em tentar "modernizar" a Igreja ao mesmo tempo em que visa "defender" o patrimônio da fé. Algumas atitudes curiosas:
- ao assumir a cátedra de Pedro, mantém a mesma estrutura curial de Pio XII, para alguns analistas o último papado "ultramontano"
- no mesmo ano em que convoca um concílio permeado de preocupações ecumênicas, promulga a encíclica Ad Petri Cathedram, na qual se nota um tom antimoderno com a preocupação de apontar os erros do mundo
- um ano depois de criar o Secretariado para a união dos Cristãos, presedido pelo cardeal Augstin Bea, em 1960, promulga a encíclica Aeterna Dei Sapientia, marcando posição frente aos ortodoxos; posição que já parecia superada.
- no mesmo ano, de seu pontificado, emanam medidas disciplinares contra padres do Instituto Bíblico e documento contra as obras de Teilhard de Chardin
- em fevereiro de 1962 publica a Constituição Apostólica Veterum Sapientia, na qual defende o latim como língua da Igreja

A tese defendida por muitos, em vista das "contradições" de Roncalli, é que ele, velho e cansado, era joguete fácil nas mãos daqueles que desejavam influenciar no concílio, além de não ser bem informado sobre as diversas consequências advindas de alguns de seus gestos. Bem, penso que nunca saberemos em detalhes o que passava pela cabeça do "papa bom". O que sabemos é que sua presença à frente da Igreja marcou sua história indelevelmente.

Sobre as repercussões dos 50 anos da subida ao trono papal de João XXIII confira aqui, aqui e aqui.

Fé e conhecimento III

O debate "Fé e conhecimento" está disponibilizado na íntegra aqui.

Capitalism is dead


Opera Omnia de Ratzinger

Nesta manhã foi lançado em alemão o primeiro tomo da Opera Omnia de Joseph Ratzinger. Serão 16 tomos no total, trazendo toda a obra de Bento XVI. Não seria nada mal se algum português ou brasileiro empreendesse uma tradução. Mais informações aqui.

Novo livro de Messori


Saiu ontem, pela editora Piemme, o novo livro de Vittorio Messori Perché Credo (20 euros, 430 pgs). Messori é aquele jornalista que fez a famosa entrevista com o então cardeal Ratzinger em 1985 e que resultou no livro A fé em crise? (editora EPU). Em seu Perché Credo, além de questões eclesiais e de outros temas, Messori trata pela primeira vez de sua conversão datada em 1964. Vale a leitura pela estatura intelectual do autor e de sua experiência pessoal.

Fé e Conhecimento no ZENIT II

O ZENIT repercutiu hoje o evento "Fé e conhecimento: a perspectiva do cientista, do poeta e do monge". Confiram algumas palavras dos palestrantes.

Bento XVI, o Sínodo e a exegese



  • Ontem, na décima quarta congregação geral do Sínodo dos Bispos, o papa Bento XVI interveio. Tal intervenção remete ao documento da Pontifícia Comissão Bíblica de 1993, que estava sob sua própria direção. O papa Ratinzer chamou atenção para os riscos de uma exegese exclusivamente histórico-crítico. Segundo o papa, tal método ajuda a enterdermos que o texto das Sagradas Escrituras não é mitologia, mas história. Contudo, continua, não podemos pensá-las apenas como um livro que guarda fatos históricos passados. Se ficamos assim caímos no risco de exegese puramente secularista, marcadamente em alta nos estudos na Alemanha, que nega a ressurreição e a fundação da eucaristia. Daí sua chamada: a exegese não pode se separar da teologia.

  • Rodari, em seu blog, diz que o cardeal Marc Quellet, arcebispode Québec, propôs que fosse pedido ao papa que escrevesse uma encíclica sobre a interpretação da Bíblia. A ocasião seria propicia. Contudo, é outro texto papal que parece na iminência de ser lançado: o segundo volumen de Jesus de Nazaré.

  • Uma instrução sobre a aplicação do moto proprio Summorum Pontificum está pronta. Pelo que indica Bruno Volpe, o documento sairá em janeiro próximo.

A reforma de Bento XVI


Livro novo no pedaço: La riforma di Benedetto XVI, Nicola Bux, Edizioni Piemme. Bux, consultor da Congregação da Doutrina da Fé, trata na obra da questão do moto proprio Summorum Pontificum e suas repercussões.

Blog de debates islamo-cristão

Novo blog do La Croix sobre o diálogo islamo-cristão.

Estatísticas sobre João Paulo II

Publicado pela Sala de Imprensa da Santa Sé as estatísticas do pontificado de João Paulo II. Entre os dados: 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas, 45 cartas apostólicas, 31 moto proprios e3.288 discursos em viagens!

À busca do infinito


Lastimo minha geração, vazia de toda substância humana, que busca somente divertimento, avanço tecnológico e carros importados como meta na vida, e se encontra espalhada em 'tribos' que não possuem colorido algum...
Os homens recusam-se a despertar para a vida espiritual. Realizam uma espécie de trabalho forçado...
Tempo de publicidade, de regimes totalitários e de exércitos sem clarins e bandeiras, sem missas pelos mortos...
Abomino intensamente a realidade...
Só existe um problema no mundo, um único apenas. Restituir aos homens o significado espiritual de suas inquietações.
Fazer chover sobre eles algo que se assemelhe a um canto gregoriano. Se tivesse fé, certamente passada está época de provação, necessária e ingrata, não suportaria outra coisa senão Solemes.
... Toda a agitação dos últimos tempos só tem duas fontes: a precariedade dos sistemas econômicos e o desespero espiritual...
A solução se resume em fazer que o homem redescubra que existe uma vida espiritual, mais alta que a vida intelectual; única capaz de satisfazer os anseios do homem...
Eis o problema fundamental: o homem sabe o sentido da vida e não procura a resposta.
Antoine de Saint-Exupery

Encíclica social de Ratzinger

Mais uma vez se fala sobre a encíclica social do papa Bento XVI, que estava prevista para a virada do semestre, mas nada. Agora, falam que ela será publicada "até no final do ano".

Pio XII e o concílio


Em comemoração dos cinquenta anos da morte do papa Pio XII escrevo artigo sobre as relações do papado de Pacelli e o futuro Concílio Vaticano II.

A homilia de Bento XVI em ocasião da data pode ser lida em italiano aqui.


Pio XII e o concílio: uma necessária compreensão


Há cinqüenta anos, exatamente em 9 de outubro de 1958, morria Eugenio Pacelli, o papa Pio XII. Seu papado, não raramente, é julgado como um papado reacionário e conservador, como o último no qual ainda se fazia prevalente a noção de uma Igreja intransigente e não muito propícia ao diálogo com o mundo. Pio XII seria aquele último papa “ultramontano”, até mesmo interpretado de maneira antagônica à Igreja que surgiria com João XXIII e o maior evento da história da Igreja do século XX, o Concílio Vaticano II (1962-1965).

A noção de que o concílio “rompeu” com o passado é uma idéia recorrente. Essa imagem do Vaticano II é baseada em um juízo sobre o que significou o concílio no seio da Igreja. De fato, o evento conciliar foi um momento de profundas discussões sobre os rumos que a Igreja necessariamente deveria tomar para que a mensagem evangélica se tornasse mais clara para os homens modernos. Com o objetivo de ser um concílio “pastoral”, João XXIII quis dar o tom dialogal com o mundo, sem buscar promulgações de novos dogmas e condenações.

Visando um aggiornamento (atualização) das práticas e formas de se levar o Evangelho aos povos, o concílio pensou novas formas de apresentar o “depósito da fé” aos homens de seu tempo, como diz o próprio João XXIII no seu famoso discurso de abertura. De uma Igreja marcada pela referência à sua estrutura hierárquica, baseada na noção de societas perfecta do século XIX, aparece uma outra parte de seu rosto, uma Igreja de comunhão, uma Igreja “corpo místico de Cristo”, que está para além de suas estruturas. De uma Igreja concentrada na figura do papa, herdeira do Concílio Vaticano I (1869-1870) com seu dogma da infalibilidade papal, sai das sombras a Igreja da colegialidade, onde os bispos, cum Petro e sub Petro, são contemplados em sua importante missão pelo destino da Igreja universal.

Muitas são as mudanças, que seriam impossíveis de serem abordadas em um espaço de poucas linhas. O que interessa aqui é frisar que a nova forma da Igreja ver ela mesma não surge do nada, não cái pronta do céu, mas que num período anterior à realização do concílio, vai se desenvolvendo lentamente. E compreender melhor os significados do pontificado de Pio XII, o anterior ao de João XXIII e seu concílio, é também entender de melhor maneira os significados profundos da doutrina do Vaticano II. Pacelli não foi apenas aquele papa que condenava as novas tendências, como querem caricaturá-lo recorridamente. De fato, o tom antimoderno prevaleceu em muitos de seus documentos e atos, como por exemplo na encíclica Humani generis (1950), na qual dispara contra a Nouvelle Theologie. Contudo, seu reinado não se resumiu a este tom. Como todos os papados do século XX, o pontificado de Pio XII foi marcado por passos à frente e passos atrás, surgimento de esperanças, recusa do que colocaria em risco a doutrina.

Não é possível interpretar o concílio eximindo de uma leitura histórica anterior a sua própria realização. Assim, podemos citar três encíclicas fundamentais que marcaram o reinado de Pacelli e que aplainaram o caminho para as futuras discussões no evento conciliar: Divino Afflante Spiritu (1943), sobre os estudos bíblicos, Mystici Corporis Christi (1943), sobre o Corpo Místico de Cristo e Mediator Dei (1947), sobre a liturgia. A partir desses documentos, Pio XII aponta novas perspectivas e avança no diálogo com o mundo.

A partir dessas premissas, considerar o Vaticano II como um evento que irrompe na história sem apreender o fluxo histórico que leva à sua concretização é amputá-lo de seus significados mais profundos. Compreender o concílio exige uma compreensão mais profunda da atuação de Pacelli. Assim, muitos estudiosos e historiadores se voltam atualmente para apreender o significado histórico de Pio XII para o Concílio Vaticano II (Confira em www.comitatopapapacelli.org). Nesse ano comemorativo dos cinqüenta anos de seu falecimento o Conselho Pontifício de Ciências Históricas nas universidades pontifícias Gregoriana e Lateranense realizam um congresso sobre o magistério desse papa entre 6 e 8 de novembro. Além desse evento, será organizada uma exposição fotográfica com o título “Pio XII: o homem e o pontificado”, de 21 de outubro de 2008 a 6 de janeiro de 2009.

Fé e conhecimento no ZENIT

O evento "Fé e conhecimento: a perspectiva do cientista, do poeta e do monge" saiu no ZENIT.

Rabino causa embaraço em Roma

A novidade que causa frisson no Sínodo dos Bispos que ocorre em Roma essa semana é a presença de um judeu, o rabino Shear-Yashuv Cohen, com direito até mesmo a intervenção. Em entrevista a Phil Pullella, vaticanista da Reuters, Cohen afirmou que a Igreja não deve beatificar Pio XII. E mais: disse que se soubesse que o papa iria celebrar uma missa em honra dos cinquenta anos da morte de Pacelli, não teria nem mesmo ido ao Sínodo. Do blog de Tornielli.

Fé e conhecimento


A realidade é só o que eu vejo e toco ou ela se abre para além das minhas fronteiras sensitivas? A fé é uma forma de conhecer? Estas e outras questões serão discutidas no evento "Fé e conhecimento: a perspectiva do cientista, do poeta e do monge" e que será realizado no dia 18 de outubro no auditório da reitoria da UFMG. Informações