Gabeira e o "outro mundo"

Fernando Gabeira, hoje na Folha de S. Paulo, traz questões inquietantes.

"Quando estava preso, Affonso Romano me visitou e disse que achava que nossa visão revolucionária tinha muito de religioso. Naquele momento, estranhei. Mais tarde, lendo a conferência de George Steiner, "Os Sonhadores do Absoluto", percebi que havia afinidades. Sobretudo nessa certeza em determinar o sentido do homem, em sonhar com um mundo completamente novo, inclusive com um homem novo [...] Nesse momento de crise, em vez de outro mundo, peço um mundo melhor. É o caminho para abordar a economia e a degradação ambiental. Uma vez foi tentada uma conferência entre os dois fóruns, Davos e Porto Alegre. Um caos. Cada um falava a sua língua. Não conseguiram se entender. Se houver outro mundo, ou, mais modestamente, um mundo melhor, dependerá mesmo de fóruns como esses?"

30 anos de Puebla

A Conferência de Puebla completa 30 anos de sua realização. É possível conferir entrevistas de Pe. João Batista Libanio e Pedro Casaldáliga, que estiveram muito próximos de seu desenvolvimento e falam sobre o seus significados para a Igreja latinoamericana e a teologia da libertação.

Golias.fr dá sua interpretação

No site progressista francês Golias, título curioso da matéria sobre o levantamento da excomunhão dos lefebvristas: "Comment le pape Benoît XVI a cédé aux pressions des évêques intégristes Ou la victoire posthume de Mgr Lefebvre". O que querem dizer com a primeira parte do título? Que a atitude de Bento XVI se deu por causa de pressões advindas dos círculos tradicionalistas, isto é, nada de posição livre e soberana do papa. E na segunda parte? Lefebvre e companheiros perderam as batalhas do Vaticano II, mas agora, com a atitude de Ratzinger, ganham de vez o jogo. Parecem repetir as mesmas acusações a Paulo VI durante as duas últimas sessões do concílio, no qual Montini barrou algumas partes de esquemas e mesmo fez inserções que colocavam barreiras a interpretações mais abertas dos textos, como, por exemplo, aquele que versava sobre a colegialidade episcopal. Sempre o mesmo jogo. De lado a lado, acusações, "hermenêuticas seletivas", imcompreensões. Como demonstrarei num artigo pequeno que publicarei aqui em alguns dias, a manobra de Bento XVI que levantou a excomunhão dos lefebvristas visou outra coisa: colocar mais uma pedra sobre a hermenêutica descontínua do concílio.

Bento XVI fala sobre a Shoah

O grande rabinato de Israel rompeu relações hoje com o Vaticano. O motivo é o levantamento da excomunhão do bispo Richard Williamson, que nega que morreram 6 milhões de judeus na Segunda Grande Guerra. Notícia no PortalGlobo. Bento XVI não se exíme de tocar no assunto, e na audiência de hoje afirma: "Auspico - ha detto - che la Shoah faccia riflettere tutta l’umanità e la sua memoria sia per tutti monito contro l’oblio, la negazione o il riduzionismo”. Confira notícia no Il Giornale.

Análises sobre o levantamento da excomunhão

O iHu online dá grande espaço para a notícia do levantamento das excomunhões. A primeira das reportagens, uma tradução de artigo do La Repubblica, traz a reação dos bispos alemães ao episódio. Algo sobre as relações dos lefebvristas com o judaísmo pode ser lido aqui. Numa tradução do Le Figaro, o iHu traz reportagem de Jean-Marie Guénois, que avalia que o ato de Bento XVI é o maior de seu pontificado. Uma análise traduzida de Marco Politi traz questões interessantes.

O centro e o todo: Simpósio Internacional e Interdisciplinar

O Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais organiza nos dias 18 e 19 de março o evento O centro e o todo: SImpósio Internacional e Interdisciplinar de Experiência Elementar. Partindo do conceito de experiência elementar trabalhado por Luigi Giussani em seu livro O senso Religioso, que terá em breve uma nova edição no Brasil, o simpósio congregará pesquisadores de doze universidades diferentes oriundos da Itália, Espanha, Canadá, Japão e Brasil. Mais informações sobre o evento podem ser encontradas aqui.

Os lefebvristas pedem perdão

O levantamento da excomunhão sobre os quatro bispos da FSSPX vem causando impacto na mídia. Não poderia ser diferente. Contudo, fala-se mais, não exatamente da atitude do pontífice, mas de um daqueles que usufruem as benesses do papa: Richard Williamson. O prelado inglês nega a existência do holocausto judeu e com isso traz embaraço aos lefebvristas que acabam de ter uma vitória. O que restariam a eles? Pedido de perdão ao papa. Fellay, o capo da Fraternidade, afirma que sua posição não reflete a posição do grupo: "Noi domandiamo perdono al Sommo Pontefice e a tutti gli uomini di buona volontà, per le conseguenze drammatiche di tale atto. Benché noi riconosciamo l'inopportunità di queste dichiarazioni, noi non possiamo che costatare con tristezza che esse hanno colpito direttamente la nostra Fraternità discreditandone la missione". Pode-se ler a reportagem toda no Corriere della Sera aqui. O La Repubblica também traz matéria. No The New York Times de 25 de janeiro jornalista fala dos possíveis riscos da posição de Bento XVI, com palavras de Hans Küng e tudo o mais. O cardeal francês André Ving-Trois, da Conferénce des Évêques de France, também dá a sua interpretação sobre o levantamento da excomunhão.

Os massacres na URSS e nos países ocupados

Os crimes soviéticos ainda continuam impunes. O horror perpetrado pelos comunistas na Rússia e nos países ocupados tem dimensões inimagináveis e duraram mesmo até a década de 1980. Por quais motivos a Europa e o mundo trataram diferenciadamente o horror nazista e o horror comunista? Será que saberemos um dia? Confira um filme sobre o assunto aqui. O site original da produção do cientista político Edvins Snore é esse.

Vaticano e Youtube

O Youtube agora tem um canal só para o Vaticano.

Dia histórico para a Igreja do pós-concílio

Está consumado: publicado hoje o documento no qual a excomunhão sobre os quatro bispos sagrados por Lefebvre e Castro Mayer em 1988. Uma das maiores feridas do pós-concílio, enfim, começa a ser sanada. Em vários blogs e sites católicos comentam-se a notícia. Bernard Felley, superior geral da FSSPX fez o seguinte comunicado:

"A excomunhão dos bispos sagrados por S.E.R. Dom Marcel Lefebvre no dia 30 de junho de 1988, que tinha sido declarada pela Sagrada Congregação para os Bispos por um decreto do dia 1 de julho de 1988 e que nós sempre contestamos, foi retirada por outro decreto da mesma Sagrada Congregação no dia 21 de janeiro de 2009, por mandato do papa Bento XVI.

Queremos expressamos [sic] nossa gratidão filial ao Santo Padre por este ato que, além da mesma Fraternidade, será um bem para toda a Igreja. Nossa Fraternidade deseja poder ajudar sempre mais o papa a por remédio nesta crise sem precedentes que comove atualmente o mundo católico, e que o papa João Paulo II tinha designado como um estado de "apostasia silenciosa".

Além do nosso reconhecimento ao Santo Padre, e a todos aqueles que ajudaram a chegar a este ato corajoso, nós estamos contentes de que o decreto do dia 21 preveja como necessário "conversações" com a Santa Sede, conversações que permitirão à Fraternidade Sacerdotal São Pio X de expor suas razões doutrinais de fundo que ela considerada como a origem das dificuldades atuais da Igreja.

Neste novo clima, nós temos a firma esperança de chegar logo a um reconhecimento dos direitos da Tradição católica.

Menzinger, 24 de janeiro de 2009.

Bernard Fellay"

Uma carta de Fellay aos fiés em referência ao fato encontra-se aqui.

Levantamento da excomunhão

Mais referências sobre o levantamento da excomunhão dos bispos sagrados por Lefebvre e Mayer em 1988 aqui, aqui e aqui.

Excomunhão contra lefebvristas será levantada

De volta ao Brasil, recebo a notícia quentíssima: a excomunhão sobre a FSSPX será levantada por Bento XVI. No blog de Tornielli encontra-se a notícia.
Vamos ver o que vem por aí nos próximos dias.