Há cinquenta anos iniciava-se um dos pontificados mais comentados do século XX: o pontificado de Angelo Roncalli, o João XXIII. Levado ao papado para ser um simples papa de transição, Roncalli levou a Igreja a um dos momentos mais marcantes da história da Igreja do século XX: o Concílio Vaticano II. Com ele o papa desejava aggiornare (atualizar) a Igreja, colocá-la em diálogo com o mundo, percebê-lo de um jeito não só assinalado pela negativa, mas também aberta às indagações e ao seu desejo de autonomia. O breve papado de João XXIII deixou marcas profundas, principalmente pela convocação nem um pouco esperada pelos cardeais de um concílio. A figura de Roncalli é polêmica. Muitos o vêem como um papa, poderíamos dizer, "liberal", que possibilita a ascensão de correntes até então proscritas. Dessa percepção surgem dois juízos: um otimista e que vê em João XXIII a encarnação daquele papa tão necessário para o mundo moderno, e aqueles que o notam como aquele que colocou a Igreja na situação atual, de crise profunda.
Roncalli fez um papado, como todos os que se seguiram antes dele, marcado pelo signo da contradição em tentar "modernizar" a Igreja ao mesmo tempo em que visa "defender" o patrimônio da fé. Algumas atitudes curiosas:
- ao assumir a cátedra de Pedro, mantém a mesma estrutura curial de Pio XII, para alguns analistas o último papado "ultramontano"
- no mesmo ano em que convoca um concílio permeado de preocupações ecumênicas, promulga a encíclica Ad Petri Cathedram, na qual se nota um tom antimoderno com a preocupação de apontar os erros do mundo
- um ano depois de criar o Secretariado para a união dos Cristãos, presedido pelo cardeal Augstin Bea, em 1960, promulga a encíclica Aeterna Dei Sapientia, marcando posição frente aos ortodoxos; posição que já parecia superada.
- no mesmo ano, de seu pontificado, emanam medidas disciplinares contra padres do Instituto Bíblico e documento contra as obras de Teilhard de Chardin
- em fevereiro de 1962 publica a Constituição Apostólica Veterum Sapientia, na qual defende o latim como língua da Igreja
A tese defendida por muitos, em vista das "contradições" de Roncalli, é que ele, velho e cansado, era joguete fácil nas mãos daqueles que desejavam influenciar no concílio, além de não ser bem informado sobre as diversas consequências advindas de alguns de seus gestos. Bem, penso que nunca saberemos em detalhes o que passava pela cabeça do "papa bom". O que sabemos é que sua presença à frente da Igreja marcou sua história indelevelmente.
Sobre as repercussões dos 50 anos da subida ao trono papal de João XXIII confira aqui, aqui e aqui.
Roncalli fez um papado, como todos os que se seguiram antes dele, marcado pelo signo da contradição em tentar "modernizar" a Igreja ao mesmo tempo em que visa "defender" o patrimônio da fé. Algumas atitudes curiosas:
- ao assumir a cátedra de Pedro, mantém a mesma estrutura curial de Pio XII, para alguns analistas o último papado "ultramontano"
- no mesmo ano em que convoca um concílio permeado de preocupações ecumênicas, promulga a encíclica Ad Petri Cathedram, na qual se nota um tom antimoderno com a preocupação de apontar os erros do mundo
- um ano depois de criar o Secretariado para a união dos Cristãos, presedido pelo cardeal Augstin Bea, em 1960, promulga a encíclica Aeterna Dei Sapientia, marcando posição frente aos ortodoxos; posição que já parecia superada.
- no mesmo ano, de seu pontificado, emanam medidas disciplinares contra padres do Instituto Bíblico e documento contra as obras de Teilhard de Chardin
- em fevereiro de 1962 publica a Constituição Apostólica Veterum Sapientia, na qual defende o latim como língua da Igreja
A tese defendida por muitos, em vista das "contradições" de Roncalli, é que ele, velho e cansado, era joguete fácil nas mãos daqueles que desejavam influenciar no concílio, além de não ser bem informado sobre as diversas consequências advindas de alguns de seus gestos. Bem, penso que nunca saberemos em detalhes o que passava pela cabeça do "papa bom". O que sabemos é que sua presença à frente da Igreja marcou sua história indelevelmente.
Sobre as repercussões dos 50 anos da subida ao trono papal de João XXIII confira aqui, aqui e aqui.
1 comentários:
Acho que essas aparentes 'contradições' são vistas por aqueles que nãoentendem nem nossos tempos, nem o passo da Igreja, hoje. A verdade é que Bento XVI poderia ser acusado da mesma postura: por um lado, libera missa tridentina e dialoga com FSSPX; por outro, tece rasgados elogios ao Vaticano II e a muitos elementos inseridos graças a Joao XXIII.
A verdade é que a contradição não é real; fosse, todos os papas desde então seriam contraditórios!
Agora, que infelizmente o modernismo tomou folego nessa época, isso é verdade.
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