É impressionante como a indústria cultural superficial e bilionária sabe direitinho quais os caminhos a seguir para que uma polêmica seja incentivada em vista de seus interesses excusos. No tempo daquele bendito livro, e depois o filme, O código Da Vinci, algumas autoridades da Santa Sé reagiram às baboseiras que ele divulgava em sua intenção de ser simplemeste um entretenimento. A mistura entre fatos históricos e romance dava a chave de leitura e de sucesso para a obra. Sabemos da força da imagem hoje nas consicências e corações dos jovens e a dificuldade para eles discernirem os aspectos da realidade. Acham que apreendem história a partir de um filme de Hollywood. É algo corriqueiro ouvir meus alunos trazerem para a sala de aula clichês e histórinhas que viram em um filme como se aquilo fosse a verdade. Agora, com o lançamento de Anjos e Demônios a coisa é um pouco diferente. O Vaticano compreendeu que não é necessário falar uma só palavra sobre tal filme, que também terá seu sucesso devido às possíveis polêmicas que possa suscitar com a Igreja. A Folha de S. Paulo de hoje traz as palavras de alguns católicos, entre eles um bispo e o chefe da Liga Católica dos EUA, criticando o filme. Contudo, a manchete do texto diz "Vaticano pede que fiéis não vejam 'Anjos e Demônios'". A relação da matéria com o seu título é equívoca, já que o Vaticano não disse ainda uma palavra sequer sobre tal filme. E pelo que se vê, não falará nada. O marketing do filme só tem sucesso mais certeiro se polemizar com a Igreja. Mas já que a Igreja, em sua hierarquia, não disse nada, nem uma notinha qualquer, pegaram os católicos que falaram alguma coisa e fizeram de suas palavras palavras oficiais. É assim que as coisas se dão . "Hermenêutica seletiva", como dizem por aí.
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