E quem são os lobos, diretor?
Refiro-me ao que Bento XVI disse na missa do início do pontificado: "Rezem por mim, para que eu não fuja, por medo, diante dos lobos". Às vezes, ele é retratado como puramente teólogo, distante das preocupações das pessoas. E é mentira: ele se apresentou como o bom pastor que ama os homens a ele confiados como Cristo ama. Mas com uma imagem forte. O Papa tem uma visão muito realista dos fatos do mundo. A hostilidade pode ser externa e interna.
Interna?
Menos de um mês antes, nos textos da Via Crucis, o então cardeal Ratzinger tinha exclamado: "Quanta sujeira há na Igreja! Quanta soberba!".
Os lobos também estão na Igreja?
Certamente. E são aqueles que mais o preocupam, os mais perigosos: os que se disfarçam e estão no aprisco. Os extremistas das duas partes que, no caso dos lefebvrianos, não entenderam o seu gesto de misericórdia. Quem chegou a negar a sua amizade com o judaísmo. Quem não compartilha o seu governo gentil e persuasivo. Quem insinuou rachaduras na Cúria, divisões com a secretaria de Estado, ou retratou a imagem de um pontífice isolado. Quem perdeu influência. De fato, na carta aos bispos, Bento XVI relembrou São Paulo e escreveu que, "ainda hoje, na Igreja, existe o morder e o devorar uns aos outros".
E os lobos "externos"?
Há um fechamento, especialmente em uma certa intelligentzia, com relação a um Papa que continua pedindo que se deixe o horizonte aberto ao transcendente, a Deus, partindo da razão como horizonte comum. Sem contar os interesses políticos mesquinhos e os econômicos: as suas denúncias, na África, incomodaram muitos países e multinacionais.
E portanto?
O Papa está sereno. E sabe que as pessoas o amam. Por isso, evocou uma imagem dos Padres: a Igreja como a lua que recebe a luz do sol. Há fases diversas, pode ser obscurecida pela crise, mas depois volta a crescer porque sempre existe: e sempre recebe luz de Cristo.
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