Mais um com o velho papo de um Concílio Vaticano III. Nada como aquele famoso ditado: "A pressa é inimiga da perfeição". Sabemos que a Igreja é luz da Eternidade na terra. Como Corpo Místico de Cristo não tem arranhão. Como instituição social, como gostariam os sociólogos, é falha, pois os homens são falhos. Isso é claro. Sabemos também que cada época tem os seus sinais, que a Igreja deve ler, interpretar e posicionar-se frente a eles para dar testemunho de Cristo. Fato. Por outro lado, os apressadinhos, que nem bem digeriram o Vaticano II e sua gama de positivas possibilidades - além dos muitos problemas surgidos de interpretações equívocas - evocam um Vaticano III. Pra quê? Claro, ordenações femininas, liberar os padres para que possam se casar, entre outros desejos que vem em encontro da opinião pública mundial. A bendita unanimidade. Vesga, por sinal. Quem são os porta-vozes dessa idéia? Alguns intelectuais. O iHu fala em sua chamada, referindo à matéria do Le Monde: "Um Concílio Vaticano III se impôe, dizem intelectuais". Mas que mania essa dos intelectuais saberem o que a Igreja deve ou não fazer! Tudo bem fazer uma análise conjuntural, analisar posicionamentos e tal, mas essa de dizer o que uma das instituições mais antigas do mundo deva ou não fazer é demais pra mim. Vejam que um desses "intelectuais" é um advogado, Jean-Pierre Mignard... Com todo o respeito, os seus desejos são apenas desejos de um leigo, que pode ter as melhores das intenções, mas não passa disso. Não tem autoridade alguma para propor seja lá o que for. "O mundo muda", diriam. Sim, a cada segundo. É bom relembrarmos que quando o Vaticano II acabou, em 1965, o mundo já era outro, diferente daquele de 1959, quando anunciado por João XXIII. As mudanças aprofundaram-se ainda mais depois de alguns anos de seu encerramento, em 1968, com o advento da pílula, o "é proibido proibir", o "sexo, drogas e rock n' roll". Acontece que um concílio é coisa séria. Não é uma reuniãozinha qualquer. A sua realização visa resolver alguns problemas, por outro lado, levanta contendas e aprofunda as já existentes. O Vaticano II ainda está em fase de recepção e não podemos ir passando em cima de algo que ainda está nascendo. São 40 anos de crise, aprofundada por uma luta interna de hemenêuticas que em teoria são diferentes, mas que no fundo partem de um mesmo ponto: a ruptura. A necessidade parece ser, não um passo apressado em direção a um outro concílio, mas sim uma recepção fiel do Vaticano II.
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