O que as últimas ordenações dos lefebvristas significam?
30terça-feira,
Fellay, Roma e o Coetus Internationalis Patrum
27sábado,
Documento que regulariza Ecclesia Dei sai em breve
Carta de Roma, #6
Outra conversa com um oficial do Vaticano… Mais, ainda mais sobre a próxima encíclica… E, verdadeira alegria…
Por Dr. Robert Moynihan, reportando de Roma.
Um importantíssimo documento deveria sair na última sexta-feira, 19 de junho.
Não veio na sexta. Nem sábado, nem domingo, nem segunda, nem terça, nem quarta, nem hoje.
E por detrás deste atraso há uma história.
De que documento estou falando?
Não da muito esperada encíclica social! Ela ainda está vindo, rolando adiante, devendo ser assinada em 29 de junho, a festa de São Pedro e São Paulo.
[...]
Não, estou falando completamente sobre outro documento: aquele regulamentando o futuro da comissão Ecclesia Dei (a Comissão fundada em 1988 para focar nas questões relacionadas à missa antiga e para prover cuidado pastoral para aqueles católicos ligados à antiga liturgia)
É um documento muito curto, talvez apenas três páginas. Circulam boatos de que está pronto já há algum tempo. E me contaram hoje que estava definitivamente agendado na última semana para publicação na sexta-feira, 19 de junho
Mas não saiu. Por quê?
[...]
Segundo um amigo aqui, “atrás do pretexto de mudar a Ecclesia Dei, e absorvê-la dentro da Congregação para a Doutrina da Fé, o Papa quer reabrir o diálogo teológico a respeito do Vaticano II”.
“O que você quer dizer?” perguntei.
“O Concílio Vaticano Segundo provocou um terremoto na Igreja”, disse meu amigo. “O clero, os leigos, o próprio Vaticano — tudo foi abalado. E agora, 45 anos depois, há apenas um grupo que quer um debate completo sobre o significado dos documentos conciliares: a Sociedade de São Pio X. E o própósito de mover a Ecclesia Dei debaixo da CDF é preparar o caminho para um debate completo sobre os documentos conciliares”.
“E então, qual o problema disso?”, perguntei.
“Veja”, disse meu amigo. “O documento regulamentando o papel da Ecclesia Dei está todo escrito. Tem três partes: 1) alguns pontos técnicos sobre como funcionará; 2) algumas medidas quanto a seu relacionamento com a CDF, dentro da CDF; e 3) um esboço de um programada para discutir o Vaticano II e como o Concílio deve ser interpretado em harmonia com a perene tradição da Igreja”.
“E?”, questionei.
“Esse é o problema”.
“Qual é o problema?” perguntei.
“Algumas pessoas não querem essas questões abertas novamente”.
O que está realmente acontecendo aqui?
Bento, sabendo que o Concílio Vaticano Segundo foi um divisor de águas na história da Igreja, e conhecendo também que a interpretação do Concílio levou a algumas direções inesperadas e errôneas, decidiu encarar o problema fundamental — o problema da interpretação do Vaticano II — ao colocar a comissão Ecclesia Dei no coração do departamento doutrinal mais importante na Igreja, na CDF.
E todavia, por alguma razão, a implementação dessa decisão está sendo atrasada.
Outro amigo hoje me contou que ele acredita que a visita dos bispos austríacos a Roma na última semana não foi compreendida.
“Os bispos austríacos, quem eles são?”, afirmou meu amigo. “Eles são Schonborn…”
Estava se referindo a Christoph Schonborn, o cardeal de 64 anos arcebispo de Viena, Áustria, e antigo aluno de Joseph Ratzinger.
“É significante que o Papa concorde em tirar dois dias falando com Schonborn”, disse meu amigo. “Creio que possa haver desenvolvimentos posteriores. Por exemplo, o Cardeal Levada acabou de fazer 73 anos em 15 de junho. O Papa poderia estar pensando em trazer Schonborn de volta a Roma, para tomar o lugar de Levada quando completar 75…”
25quinta-feira,
Eu e Tu

Martin Buber, no livro Eu e Tu.
Anti-judaísmo na FSSPX?
19sexta-feira,
Novo moto proprio para a FSSPX?
18quinta-feira,
Re-utopizar será a resposta?
No jornal O Lutador
Frente ao drama da fragmentação dos significados e no aprofundamento das subjetividades, quase se esbarrando no estabelecimento de “ditaduras individuais”, muitos se questionam se não é preciso reutopizar o mundo para que ele saia da crise ética que está instalado. A viuvez do muro de Berlim ressoa a dramaticidade do homem em sua busca irrefreável de sentidos totalizantes. Este atual cenário espiritual é marcado pela dita pós-modernidade. Uma de suas características básicas é a queda das metanarrativas. Isto é, grandes discursos de significação nos quais englobariam grandes massas e grandes espaços geográficos.
Podemos dizer que o século XX foi um tempo privilegiado da experiência do absurdo e da banalidade do mal. Ao perguntarmos quem foram aqueles que levaram milhões de pessoas às valas comuns, a resposta poderia ser: nós mesmos. A imaginação do homem, alimentada por utopias e sonhos de felicidade eterna, esmagou a si mesmo e o levou a horrores jamais vistos. Nunca, na história humana, fomos capazes de matar tanto e “melhor”. A “revolução científica”, fruto de um longo processo, e que havia sido pensada e idealizada por seus fautores como um instrumento de avanço, progresso, evolução, foi levada a um grau inimaginável naquele momento, ao ser utilizada para a construção de armamentos mais letais e de estratégias genocidas.
Embalados pelas utopias românticas, muitos se deixaram levar pelo canto do progresso e seu otimismo reluzente e cheio de promessas, mas, que no final das contas, demonstrou-nos uma de suas faces mais sombrias com a ascensão e queda do Terceiro Reich. A centelha do romantismo, como nos diz Elias Thomé Saliba (As utopias românticas. São Paulo: Edição Liberdade, 2003), de onde surgiram os elementos que iriam caracterizar o imaginário da revolução, acendeu-se na época da Revolução Francesa (1789) e foi marcada, especialmente, pela ideia da possibilidade de uma mudança radical na história e seus rumos. Suas “correntes, ideologias e projetos alimentaram-se – como sonho ou pesadelo, como esperança ou medo – de uma ruptura e de uma quebra sem precedentes com o passado”. Defendendo fervorosamente, e até mesmo religiosamente, a noção de que poderiam libertar-se das estruturas do passado e construir, finalmente, um tempo no qual todos os seus ideais de felicidade, bondade, e perfectibilidade – por sinal, existe um belo livro sobre o tema: John Passmore. A perfectibilidade humana. Rio de janeiro: Topbooks, s/d – construíram, sem sombra de dúvida, o que poderíamos chamar de “mística da revolução”. Tal mística constituía-se baseada numa das idéias principais de Jean-Jacques Rousseau, a do “bom selvagem” ou “estado de natureza”. Esta idéia advoga que o homem é bom por natureza e que a sociedade é que o corrompe. O que Rousseau faz é instaurar um novo dualismo na compreensão do homem. O dualismo antigo, baseado na teologia cristã, inseria o conflito entre o bem e o mal na alma dos homens, que desde o pecado original exigia do homem a humildade. O desenvolvido por Rousseau transferia esse conflito do indivíduo para a sociedade. O erro e o mal eram frutos das instituições. O que precisaríamos fazer, então, para construirmos a tão esperada e sonhada sociedade livre das aflições humanas, era despender todas as forças em derrubar toda a ordem instaurada e recomeçar a história. Podemos dizer que as ideologias modernas, o nacional-socialismo e o comunismo, acharam aí, no romantismo utópico do século XVIII e XIX, embebido de rousseaunismo, alguns de seus pressupostos. Ambos os regimes partiam de um passado mítico como modelo ideal para lançarem-se na busca de um futuro imaginário. Ao subverterem a idéia de “bem”, lançaram-se na procura de construir o super-homem. O nacional-socialismo levou à cabo a obra draconiana de tentar erigi-lo. O estado socialista de democratizá-lo. Tais intenções “humanitárias” levaram, somados e contando todos os regimes que se instalaram no mundo sob tal égide, por volta de 130 milhões de mortos (100 milhões apenas os regimes socialistas). Como sabemos, o significado de utopia remete à imaginação. O interessante é que a palavra presunção foi utilizada em inglês antigo – conceit – como sinônimo de imaginação. Estaria aí nosso equívoco ao tentar reacender uma predisposição na qual resultou na sangrenta história do século XX?
Íntegra da carta do Papa Bento XVI para o Ano Sacerdotal
Amados irmãos no sacerdócio,
Na próxima solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus, sexta-feira, 19 de Junho de 2009 – dia dedicado tradicionalmente à oração pela santificação do clero – tenho em mente proclamar oficialmente um "Ano Sacerdotal",» por ocasião do 150° aniversário do dies natalis de João Maria Vianney, o Santo Patrono de todos os párocos do mundo. Tal ano, que pretende contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo, terminará na mesma solenidade de 2010. "O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus": costumava dizer o Santo Cura d’Ars. Esta tocante afirmação nos permite, antes de mais nada, evocar com ternura e gratidão o dom imenso que são os sacerdotes não só para a Igreja mas também para a própria humanidade. Penso em todos os presbíteros que propõem, humilde e cotidianamente, aos fiéis cristãos e ao mundo inteiro as palavras e os gestos de Cristo, procurando aderir a Ele com os pensamentos, a vontade, os sentimentos e o estilo de toda a sua existência. Como não sublinhar as suas fadigas apostólicas, o seu serviço incansável e escondido, a sua caridade tendencialmente universal? E que dizer da fidelidade corajosa de tantos sacerdotes que, não obstante dificuldades e incompreensões, continuam fiéis à sua vocação: a de "amigos de Cristo", por Ele de modo particular chamados, escolhidos e enviados?
Eu mesmo guardo ainda no coração a recordação do primeiro pároco junto de quem exerci o meu ministério de jovem sacerdote: me deixou o exemplo de uma dedicação sem reservas ao próprio serviço sacerdotal, a ponto de encontrar a morte durante o próprio ato de levar o viático a um doente grave. Depois, repasso na memória os inumeráveis irmãos que encontrei e encontro, inclusive durante as minhas viagens pastorais às diversas nações, generosamente empenhados no exercício diário do seu ministério sacerdotal. Mas a expressão utilizada pelo Santo Cura d’Ars evoca também o Coração traspassado de Cristo com a coroa de espinhos que O envolve. E isto leva o pensamento a se deter nas inumeráveis situações de sofrimento em que se encontram imersos muitos sacerdotes, ou porque participantes da experiência humana da dor na multiplicidade das suas manifestações, ou porque incompreendidos pelos próprios destinatários do seu ministério: como não recordar tantos sacerdotes ofendidos na sua dignidade, impedidos na sua missão e, às vezes, mesmo perseguidos até ao supremo testemunho do sangue?
Infelizmente existem também situações, nunca suficientemente deploradas, em que a própria Igreja a sofre pela infidelidade de alguns dos seus ministros. Daí advém, então, para o mundo motivo de escândalo e de repulsa. O máximo que a Igreja pode recavar de tais casos não é tanto a acintosa relevação das fraquezas dos seus ministros, como sobretudo uma renovada e consoladora consciência da grandeza do dom de Deus, concretizado em figuras esplêndidas de generosos pastores, de religiosos inflamados de amor por Deus e pelas almas, de diretores espirituais esclarecidos e pacientes. A este respeito, os ensinamentos e exemplos de São João Maria Vianney podem oferecer a todos um significativo ponto de referência. O Cura d’Ars era humilíssimo, mas consciente de ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu povo: "Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina". Falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana: "Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. (…) Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia". E, ao explicar aos seus fiéis a importância dos sacramentos, dizia: "Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há-de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. (…) Depois de Deus, o sacerdote é tudo! (…) Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no céu". Estas afirmações, nascidas do coração sacerdotal daquele santo pároco, podem parecer excessivas. Nelas, porém, revela-se a sublime consideração em que ele tinha o sacramento do sacerdócio. Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: "Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos, não de susto, mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra (…) Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá serão adoradas as bestas. (…) O padre não é padre para si mesmo, é para vós".
Tinha chegado a Ars, uma pequena aldeia com 230 habitantes, precavido pelo bispo de que iria encontrar uma situação religiosamente precária: "Naquela paróquia, não há muito amor de Deus; vou infundir em vós". Por conseguinte, achava-se plenamente consciente de que devia ir para lá a fim de encarnar a presença de Cristo, testemunhando a sua ternura salvífica: "[Meu Deus], concedei-me a conversão da minha paróquia; aceito sofrer tudo aquilo que quiserdes por todo o tempo da minha vida!": foi com esta oração que começou a sua missão. E, à conversão da sua paróquia, dedicou-se o Santo Cura com todas as suas energias, pondo no cume de cada uma das suas ideias a formação cristã do povo a ele confiado. Amados irmãos no sacerdócio, peçamos ao Senhor Jesus a graça de podermos também nós assimilar o método pastoral de S. João Maria Vianney. A primeira coisa que devemos aprender é a sua total identificação com o próprio ministério. Em Jesus, tendem a coincidir Pessoa e Missão: toda a sua ação salvífica era e é expressão do seu "Eu filial" que, desde toda a eternidade, está diante do Pai em atitude de amorosa submissão à sua vontade. Com modesta mas verdadeira analogia, também o sacerdote deve ansiar por esta identificação. Não se trata, certamente, de esquecer que a eficácia substancial do ministério permanece independentemente da santidade do ministro; mas também não se pode deixar de ter em conta a extraordinária frutificação gerada do encontro entre a santidade objetiva do ministério e a subjetiva do ministro. O Cura d’Ars principiou imediatamente este humilde e paciente trabalho de harmonização entre a sua vida de ministro e a santidade do ministério que lhe estava confiado, decidindo "habitar", mesmo materialmente, na sua igreja paroquial: "Logo que chegou, escolheu a igreja por sua habitação. (…) Entrava na igreja antes da aurora e não saía de lá senão à tardinha depois do Angelus. Quando precisavam dele, deviam procurá-lo lá": se lê na primeira biografia.
O exagero devoto do pio hagiógrafo não deve nos fazer esquecer o fato de que o Santo Cura soube também "habitar" ativamente em todo o território da sua paróquia: visitava sistematicamente os doentes e as famílias; organizava missões populares e festas dos Santos Patronos; recolhia e administrava dinheiro para as suas obras sócio-caritativas e missionárias; embelezava a sua igreja e a dotava de alfaias sagradas; se ocupava das órfãs da "Providence" (um instituto fundado por ele) e das suas educadoras; tinha a peito a instrução das crianças; fundava confrarias e chamava os leigos para colaborar com ele.
O seu exemplo me induz a evidenciar os espaços de colaboração que é imperioso estender cada vez mais aos fiéis leigos, com os quais os presbíteros formam um único povo sacerdotal e no meio dos quais, em virtude do sacerdócio ministerial, se encontram "para os levar todos à unidade, amando uns aos outros com caridade fraterna, e tendo os outros por mais dignos" (Rm 12, 10). Neste contexto, há que recordar o caloroso e encorajador convite feito pelo Concílio Vaticano II aos presbíteros para que "reconheçam e promovam sinceramente a dignidade e participação própria dos leigos na missão da Igreja. Estejam dispostos a ouvir os leigos, tendo fraternalmente em conta os seus desejos, reconhecendo a experiência e competência deles nos diversos campos da atividade humana, para que, juntamente com eles, saibam reconhecer os sinais dos tempos".
O Santo Cura ensinava os seus paroquianos sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar, se detendo de bom grado diante do sacrário para uma visita a Jesus Eucaristia. "Para rezar bem – explicava-lhes o Cura –, não há necessidade de falar muito. Sabe-se que Jesus está ali, no tabernáculo sagrado: lhe abramos o nosso coração, alegremo-nos pela sua presença sagrada. Esta é a melhor oração". E exortava: "Vinde à comunhão, meus irmãos, vinde a Jesus. Vinde viver d’Ele para poderdes viver com Ele". "É verdade que não sois dignos, mas tendes necessidade!". Esta educação dos fiéis para a presença eucarística e para a comunhão adquiria um eficácia muito particular, quando o viam celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Quem ao mesmo assistia afirmava que "não era possível encontrar uma figura que exprimisse melhor a adoração. (...) Contemplava a Hóstia amorosamente". Dizia ele: "Todas as boas obras reunidas não igualam o valor do sacrifício da Missa, porque aquelas são obra de homens, enquanto a Santa Missa é obra de Deus". Estava convencido de que todo o fervor da vida de um padre dependia da Missa: "A causa do relaxamento do sacerdote é porque não presta atenção à Missa! Meu Deus, como é de lamentar um padre que celebra [a Missa] como se fizesse um coisa ordinária!". E, ao celebrar, tinha tomado o costume de oferecer sempre também o sacrifício da sua própria vida: "Como faz bem um padre se oferecer em sacrifício a Deus todas as manhãs!".
Esta sintonia pessoal com o Sacrifício da Cruz o levava– por um único movimento interior – do altar ao confessionário. Os sacerdotes não deveriam jamais se resignar a ver os seus confessionários desertos, nem se limitar a constatar o menosprezo dos fiéis por este sacramento. Na França, no tempo do Santo Cura d’Ars, a confissão não era mais fácil nem mais frequente do que nos nossos dias, pois a tormenta revolucionária tinha longamente sufocado a prática religiosa. Mas ele procurou de todos os modos, com a pregação e o conselho persuasivo, fazer os seus paroquianos redescobrirem o significado e a beleza da Penitência sacramental, apresentando-a como uma exigência íntima da Presença eucarística. Pôde assim dar início a um círculo virtuoso. Com as longas permanências na igreja junto do sacrário, fez com que os fiéis começassem a imitá-lo, indo até lá visitar Jesus, e ao mesmo tempo estivessem seguros de que lá encontrariam o seu pároco, disponível para os ouvir e perdoar. Em seguida, a multidão crescente dos penitentes, provenientes de toda a França, haveria de o reter no confessionário até 16 horas por dia. Dizia-se então que Ars se tinha tornado "o grande hospital das almas". "A graça que ele obtinha [para a conversão dos pecadores] era tão forte que aquela ia procurá-los sem lhes deixar um momento de trégua!": diz o primeiro biógrafo. E assim o pensava o Santo Cura d’Ars, quando afirmava: "Não é o pecador que regressa a Deus para Lhe pedir perdão, mas é o próprio Deus que corre atrás do pecador e o faz voltar para Ele". "Este bom Salvador é tão cheio de amor que nos procura por todo o lado".
Todos nós, sacerdotes, deveríamos sentir que nos tocam pessoalmente estas palavras que ele colocava na boca de Cristo: "Encarregarei os meus ministros de anunciar aos pecadores que estou sempre pronto a recebê-los, que a minha misericórdia é infinita". Do Santo Cura d’Ars, nós, sacerdotes, podemos aprender não só uma inexaurível confiança no sacramento da Penitência que nos instigue a colocá-lo no centro das nossas preocupações pastorais, mas também o método do "diálogo de salvação" que nele se deve realizar. O Cura d’Ars tinha maneiras diversas de se comportar segundo os vários penitentes. Quem vinha ao seu confessionário atraído por uma íntima e humilde necessidade do perdão de Deus, encontrava nele o encorajamento para mergulhar na "torrente da misericórdia divina" que, no seu ímpeto, tudo arrasta e depura. E se aparecia alguém angustiado com o pensamento da sua debilidade e inconstância, temeroso por futuras quedas, o Cura d’Ars revelava-lhe o segredo de Deus com um discurso de comovente beleza: "O bom Deus sabe tudo. Ainda antes de vos confessardes, já sabe que voltareis a pecar e todavia perdoa-vos. Como é grande o amor do nosso Deus, que vai até ao ponto de esquecer voluntariamente o futuro, só para poder perdoar-nos!". Diversamente, a quem se acusava de forma tíbia e quase indiferente, expunha, através das suas próprias lágrimas, a séria e dolorosa evidência de quão "abominável" fosse aquele comportamento. "Choro, porque vós não chorais", exclamava ele. "Se ao menos o Senhor não fosse assim tão bom! Mas é assim bom! Só um bárbaro poderia comportar-se assim diante de um Pai tão bom!". Fazia brotar o arrependimento no coração dos tíbios, forçando-os a verem com os próprios olhos o sofrimento de Deus, causado pelos pecados, quase "encarnado" no rosto do padre que os atendia de confissão. Entretanto a quem se apresentava já desejoso e capaz de uma vida espiritual mais profunda, abria-lhe de par em par as profundidades do amor, explicando a inexprimível beleza de poder viver unidos a Deus e na sua presença: "Tudo sob o olhar de Deus, tudo com Deus, tudo para agradar a Deus. (...) Como é belo!". E ensinava-lhes a rezar assim: "Meu Deus, dai-me a graça de Vos amar tanto quanto é possível que eu Vos ame!".
No seu tempo, o Cura d’Ars soube transformar o coração e a vida de muitas pessoas, porque conseguiu fazer-lhes sentir o amor misericordioso do Senhor. Também hoje é urgente igual anúncio e testemunho da verdade do Amor: Deus caritas est (1 Jo 4, 8). Com a Palavra e os Sacramentos do seu Jesus, João Maria Vianney sabia instruir o seu povo, ainda que frequentemente suspirava convencido da sua pessoal inaptidão a ponto de ter desejado diversas vezes subtrair-se às responsabilidades do ministério paroquial de que se sentia indigno. Mas, com exemplar obediência, ficou sempre no seu lugar, porque o consumia a paixão apostólica pela salvação das almas. Procurava aderir totalmente à própria vocação e missão por meio de uma severa ascese: "Para nós, párocos, a grande desdita – deplorava o Santo – é entorpecer-se a alma", entendendo, com isso, o perigo do pastor se habituar ao estado de pecado ou de indiferença em que vivem muitas das suas ovelhas. Com vigílias e jejuns, punha freio ao corpo, para evitar que opusesse resistência à sua alma sacerdotal. E não se esquivava a mortificar a si mesmo para bem das almas que lhe estavam confiadas e para contribuir para a expiação dos muitos pecados ouvidos em confissão. Explicava a um colega sacerdote: "Dir-vos-ei qual é a minha receita: dou aos pecadores uma penitência pequena e o resto faço-o eu no lugar deles". Independentemente das penitências concretas a que se sujeitava o Cura d’Ars, continua válido para todos o núcleo do seu ensinamento: as almas custam o sangue de Cristo e o sacerdote não pode se dedicar à sua salvação se se recusa a contribuir com a sua parte para o "alto preço" da redenção.
No mundo atual, não menos do que nos tempos difíceis do Cura d’Ars, é preciso que os presbíteros, na sua vida e ação, se distingam por um vigoroso testemunho evangélico. Observou, justamente, Paulo VI que "o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres ou então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas". Para que não se forme um vazio existencial em nós e fique comprometida a eficácia do nosso ministério, é preciso não cessar de nos interrogarmos: "Somos verdadeiramente permeados pela Palavra de Deus? É verdade que esta é o alimento de que vivemos, mais de que o sejam o pão e as coisas deste mundo? Conhecemo-la verdadeiramente? Amamo-la? De tal modo nos ocupamos interiormente desta palavra, que a mesma dá realmente um timbre à nossa vida e forma o nosso pensamento?". Assim como Jesus chamou os Doze para estarem com Ele (cf. Mc 3, 14) e só depois é que os enviou a pregar, assim também nos nossos dias os sacerdotes são chamados a assimilar aquele "novo estilo de vida" que foi inaugurado pelo Senhor Jesus e assumido pelos Apóstolos.
Foi precisamente a adesão sem reservas a este "novo estilo de vida" que caracterizou o trabalho ministerial do Cura d’Ars. O Papa João XXIII, na carta encíclica Sacerdotii nostri primordia – publicada em 1959, centenário da morte de São João Maria Vianney –, apresentava a sua fisionomia ascética referindo-se de modo especial ao tema dos "três conselhos evangélicos", considerados necessários também para os presbíteros: "Embora, para alcançar esta santidade de vida, não seja imposta ao sacerdote como própria do estado clerical a prática dos conselhos evangélicos, entretanto esta representa para ele, como para todos os discípulos do Senhor, o caminho regular da santificação cristã". O Cura d’Ars soube viver os "conselhos evangélicos" segundo modalidades apropriadas à sua condição de presbítero. Com efeito, a sua pobreza não foi a mesma de um religioso ou de um monge, mas a requerida a um padre: embora manejasse com muito dinheiro (dado que os peregrinos mais abonados não deixavam de se interessar pelas suas obras sócio-caritativas), sabia que tudo era dado para a sua igreja, os seus pobres, os seus órfãos, as meninas da sua "Providence", as suas famílias mais indigentes. Por isso, ele "era rico para dar aos outros e era muito pobre para si mesmo". Explicava: "O meu segredo é simples: dar tudo e não guardar nada". Quando se encontrava com as mãos vazias, dizia contente aos pobres que se lhe dirigiam: "Hoje sou pobre como vós, sou um dos vossos". Deste modo pôde, ao fim da vida, afirmar com absoluta serenidade: "Não tenho mais nada. Agora o bom Deus pode chamar-me quando quiser!". Também a sua castidade era aquela que se requeria a um padre para o seu ministério. Pode-se dizer que era a castidade conveniente a quem deve habitualmente tocar a Eucaristia e que habitualmente a fixa com todo o entusiasmo do coração e com o mesmo entusiasmo a dá aos seus fiéis. Dele se dizia que "a castidade brilhava no seu olhar", e os fiéis se apercebiam disso quando ele se voltava para o sacrário fixando-o com os olhos de um enamorado. Também a obediência de São João Maria Vianney foi toda encarnada na dolorosa adesão às exigências diárias do seu ministério. É sabido como o atormentava o pensamento da sua própria inaptidão para o ministério paroquial e o desejo que tinha de fugir "para chorar a sua pobre vida, na solidão". Somente a obediência e a paixão pelas almas conseguiam convencê-lo a continuar no seu lugar. A si próprio e aos seus fiéis explicava: "Não há duas maneiras boas de servir a Deus. Há apenas uma: servi-Lo como Ele quer ser servido". A regra de ouro para levar uma vida obediente parecia-lhe ser esta: "Fazer só aquilo que pode ser oferecido ao bom Deus".
No contexto da espiritualidade alimentada pela prática dos conselhos evangélicos, aproveito para dirigir aos sacerdotes, neste Ano a eles dedicado, um convite particular para saberem acolher a nova primavera que, em nossos dias, o Espírito suscita na Igreja, através nomeadamente dos Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades. "O Espírito é multiforme nos seus dons. (…) Ele sopra onde quer. E o faz de maneira inesperada, em lugares imprevistos e segundo formas precedentemente inimagináveis (…); mas nos demonstra também que Ele age em vista do único Corpo e na unidade do único Corpo". A propósito disto, vale a indicação do Decreto Presbyterorum ordinis: "Sabendo discernir se os espíritos vêm de Deus, [os presbíteros] perscrutem com o sentido da fé, reconheçam com alegria e promovam com diligência os multiformes carismas dos leigos, tanto os mais modestos como os mais altos". Estes dons, que impelem não poucos para uma vida espiritual mais elevada, podem ser de proveito não só para os fiéis leigos mas também para os próprios ministros. Com efeito, da comunhão entre ministros ordenados e carismas pode brotar "um válido impulso para um renovado compromisso da Igreja no anúncio e no testemunho do Evangelho da esperança e da caridade em todos os recantos do mundo". Queria ainda acrescentar, apoiado na exortação apostólica Pastores dabo vobis do Papa João Paulo II, que o ministério ordenado tem uma radical "forma comunitária" e pode ser cumprido apenas na comunhão dos presbíteros com o seu bispo. É preciso que esta comunhão entre os sacerdotes e com o respectivo bispo, baseada no sacramento da Ordem e manifestada na concelebração eucarística, se traduza nas diversas formas concretas de uma fraternidade sacerdotal efetiva e afetiva. Só deste modo é que os sacerdotes poderão viver em plenitude o dom do celibato e serão capazes de fazer florir comunidades cristãs onde se renovem os prodígios da primeira pregação do Evangelho.
O Ano Paulino, que está para chegar ao fim, encaminha o nosso pensamento também para o Apóstolo das nações, em quem refulge aos nossos olhos um modelo esplêndido de sacerdote, totalmente "doado" ao seu ministério. "O amor de Cristo nos impele – escrevia ele –, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram" (2 Cor 5, 14). E acrescenta: Ele "morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles" (2 Cor 5, 15). Que programa melhor do que este poderia ser proposto a um sacerdote empenhado a avançar pela estrada da perfeição cristã?
Amados sacerdotes, a celebração dos 150 anos da morte de São João Maria Vianney (1859) segue imediatamente às celebrações há pouco encerradas dos 150 anos das aparições de Lourdes (1858). Já em 1959, o Beato Papa João XXIII anotara: "Pouco antes que o Cura d’Ars concluísse a sua longa carreira cheia de méritos, a Virgem Imaculada aparecera, noutra região da França, a uma menina humilde e pura para lhe transmitir uma mensagem de oração e penitência, cuja imensa ressonância espiritual há um século que é bem conhecida. Na realidade, a vida do santo sacerdote, cuja comemoração celebramos, fora de antemão uma viva ilustração das grandes verdades sobrenaturais ensinadas à vidente de Massabielle. Ele próprio nutria pela Imaculada Conceição da Santíssima Virgem uma vivíssima devoção, ele que, em 1836, tinha consagrado a sua paróquia a Maria concebida sem pecado e havia de acolher com tanta fé e alegria a definição dogmática de 1854". O Santo Cura d’Ars sempre recordava aos seus fiéis que "Jesus Cristo, depois de nos ter dado tudo aquilo que nos podia dar, quis ainda nos fazer herdeiros de quanto Ele tem de mais precioso, ou seja, da sua Santa Mãe".
À Virgem Santíssima entrego este Ano Sacerdotal, pedindo-Lhe para suscitar no ânimo de cada presbítero um generoso relançamento daqueles ideais de total doação a Cristo e à Igreja que inspiraram o pensamento e a ação do Santo Cura d’Ars. Com a sua fervorosa vida de oração e o seu amor apaixonado a Jesus crucificado, João Maria Vianney alimentou a sua quotidiana doação sem reservas a Deus e à Igreja. Possa o seu exemplo suscitar nos sacerdotes aquele testemunho de unidade com o bispo, entre eles próprios e com os leigos que é tão necessário hoje, como o foi sempre. Não obstante o mal que existe no mundo, ressoa sempre atual a palavra de Cristo aos seus apóstolos, no Cenáculo: "No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o mundo" (Jo 16, 33). A fé no divino Mestre nos dá a força para olhar confiadamente o futuro. Amados sacerdotes, Cristo conta convosco. A exemplo do Santo Cura d’Ars, deixai-vos conquistar por Ele e sereis também vós, no mundo atual, mensageiros de esperança, de reconciliação, de paz.
Com a minha bênção.
Vaticano, 16 de Junho de 2009.
BENEDICTUS PP.XVI
A voz de um progressista: cardeal Martini
Para entender mais as idéias desse cardeal leia: Conversazioni notturne a Gerusalemme. Sul rischio della fede, sem tradução ainda no Brasil.
Comunicado da FSSPX acerca das ordenações na Alemanha
O Seminário Sacerdotal Coração de Jesus da Fraternidade São Pio X anuncia as ordenações sacerdotais programadas para o dia 27 de junho de 2009, em Zaitzkofen, próximo a Regensburgo:
1. Essas ordenações serão conferidas com o objetivo de servir à Igreja Católica. Conferimos essas ordenações sacerdotais para assim expressarmos a nossa unidade com a Igreja de Roma. Essa unidade consiste no mesmo ensinamento, nos mesmos sacramentos e no Santo Sacrifício da Missa de Sempre.
Os novos sacerdotes ordenados reconhecem o ministério do Papa e a autoridade da Igreja, assim como todos os membros da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Os candidatos à ordenação, bem como todos os demais religiosos da Fraternidade, rezarão nominalmente pelo Papa reinante em cada Santa Missa, bem como pelo respectivo bispo local – uma expressão de vinculação, a qual a Fraternidade vem praticando desde a sua fundação há mais de trinta anos. Não queremos nenhuma Igreja paralela, mais sim estarmos dentro da única e verdadeira Igreja Católica, que conserva o bem inestimável da Tradição católica.
2. Quando, em 21 de janeiro de 2009, Roma retirou o decreto de excomunhão de 1988 contra os quatro bispos da Fraternidade, o Santo Padre certamente tinha em vista uma medida de vida e não de morte. O gesto magnânimo foi pensado, sobretudo, como uma medida de construção de confiança para as discussões teológicas que terão início em breve com os representantes da Santa Sé, nas quais presumivelmente batalhas árduas e dificuldades ainda existentes deverão ser eliminadas.
3. Uma situação de necessidade demanda e justifica medidas de necessidade correspondentes. Existe uma situação de emergência na Igreja hoje em dia? Fazemos referência ao anexo dessa declaração, onde estão documentadas afirmações significativas de Papas, Cardeais, Bispos e Teólogos. O Papa Paulo VI, por exemplo, fala da “auto-demolição da Igreja”, o Papa João Paulo II da “apostasia silenciosa”. Nesse sentido, damos dois exemplos numéricos: Em 1950, 13 milhões de católicos na Alemanha iam regularmente à Missa dominical. Hoje em dia esse número é inferior a dois milhões, uma redução de mais de 85 por cento. Em 2008 o número de ordenações sacerdotais nas dioceses alemãs chegou a um nível reduzido nunca visto anteriormente – menos de cem.
Trata-se da existência ou não da cristandade na Europa. Será que deveria adiar a ordenação desses novos sacerdotes, os quais foram formados com fundamentos sólidos da Tradição católica e que são tão necessários para a sobrevivência da Igreja?
Uma vez que as vocações verdadeiras se tornam mais raras a cada dia, não deveríamos hoje em dia agradecer devotamente ao bom Deus a Graça de tais vocações? Não se pode falar de uma afronta à unidade da Igreja e muito menos de uma rejeição à mão do Santo Padre, pelo qual rezamos diariamente.
4. Os bispos irritados evocam sempre o direito canônico. Porém, consideremos uma analogia: um edifício valioso está pegando fogo, um grupo de jovens valentes acorre apressadamente para o local do incêndio a fim de apagar o fogo ou, pelo menos, contê-lo e mais tarde iniciar a reconstrução. Porém, os guardiões da ordem os detêm sob a alegação de que eles excederam o limite de velocidade. Será que hoje em dia o último cânon do Direito Canônico de 1983, de acordo com o qual a lei superior da Igreja é a salvação das almas, perdeu a validade?
5. Uma vez que os problemas existentes não são de natureza disciplinar, consequentemente, a discussão deve seguir um outro nível, ou seja, o nível da Fé. Quando em sua carta aos bispos, datada de 10 de março de 2009, o Papa Bento XVI faz uma declaração dramática dizendo que em muitas partes do mundo a fé estaria ameaçada de extinção, não deveriam ser envidados todos os esforços conjuntos para investigarmos as causas da crise de fé e aplicarmos o remédio para saná-la? Nesse sentido, renovamos a nossa disposição ao diálogo com os bispos alemães em uma atmosfera de paz e honestidade intelectual, longe de qualquer polêmica e acusações infrutíferas.
Zaitzkofen, 13 de junho de 2009
Pe. Stefan Frey, Reitor do Seminário
Fonte Fratres in Unum
17quarta-feira,
Schonborn entrega ao Vaticano petição que pede fim de celibato
Segundo notícia vinculada pela ASCA (Agenzia Stampa Quotidiana Nazionale), aproveitando a visita de dois dias no Vaticano, respondendo uma convocação de Bento XVI, o cardeal Christoph Schonborn apresentou a dita "Iniciativa dos leigos" (Laieninitiativ), que pede a abolição da obrigação do celibato, o retorno à atividade dos padres casados, a abertura do diaconato para as mulheres e a ordenação dos ditos "viri probati".
Comunicado da Sala de Imprensa do Vaticano sobre as ordenações anunciadas pela FSSPX
Em resposta às frequentes questões colocadas nos últimos dias a respeito das ordenações sacerdotais da Fraternidade de São Pio X, programadas para o fim de junho, não há nada a acrescentar ao que foi afirmado pelo Santo Padre em sua carta aos bispos da Igreja Católica no último dia 10 de março: “Enquanto a Sociedade (de São Pio X) não tiver um status canônico na Igreja, seus ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja (…) até que as questões doutrinais sejam esclarecidas, a Sociedade não tem status canônico na Igreja, e seus ministros (…) não exercem legitimamente nenhum ministério na Igreja”. As ordenações são, portanto, ainda consideradas ilegítimas.
Na mesma carta, o Papa anunciou sua intenção de prover um novos status à Comissão “Ecclesia Dei”, unida à Congregação para a Doutrina da Fé. Há razões para crer que a definição deste novo status está próxima. Isso constitui a premissa para o início do diálogo com os responsáveis da Fraternidade de São Pio X em vistas ao desejado esclarecimento das questões doutrinais, e em conseqüência, disciplinares que ainda permanecem abertas.
Original Sala Stampa della Santa Sede
In risposta alle frequenti domande giunte in questi giorni a proposito delle ordinazioni sacerdotali della Fraternità San Pio X in programma alla fine di giugno, non vi è che da rinviare a quanto affermato dal Santo Padre nella Sua Lettera ai Vescovi della Chiesa Cattolica dello scorso 10 marzo: "Finché la Fraternità (San Pio X) non ha una posizione canonica nella Chiesa, anche i suoi ministri non esercitano ministeri legittimi nella Chiesa (...) finché le questioni concernenti la dottrina non sono chiarite, la Fraternità non ha alcuno stato canonico nella Chiesa, e i suoi ministri (...) non esercitano in modo legittimo alcun ministero nella Chiesa". Le ordinazioni sono quindi da considerarsi tuttora illegittime.
Nella stessa Lettera, il Papa ha annunciato la Sua intenzione di provvedere a un nuovo status della Commissione "Ecclesia Dei" in collegamento con la Congregazione per la Dottrina della Fede. Vi è ragione di pensare che la definizione di tale nuovo status sia prossima. Ciò costituisce la premessa per l'avvio del dialogo con i responsabili della Fraternità San Pio X in vista dell'auspicato chiarimento delle questioni dottrinali e, conseguentemente, anche disciplinari, che rimangono tuttora aperte.
O jornal Avvenire comenta.
16terça-feira,
Locuções adverbiais e advérbios latinos
Eis algumas locuções adverbiais e advérbios latinos que valem a pena serem postados. Fazem parte da Gramática Latina (excelente, por sinal) de Napoleão Mendes de Almeida (Editora Saraviva):
A posteriori – pelo que segue
A priori – segundo um princípio anterior
Ab aeterno – desde toda a eternidade
Ab imo corde – do fundo do coração
Ab initio – desde o princípio
Ab ovo – desde o princípio, desde o ovo
Ad amussim – à risca, com exatidão
Ad hoc – para o caso, eventualmente
Ad libitum – a vontade
Ad nutum – segundo a vontade, ao abítrio
Ad referendum – pendente de aprovação
Bis – duas vezes
Coram populo – em público, em alto em bom som
Currente calamo (pronuncie cálamo) – ao correr da pena
Et similia – e coisas semelhantes
Ex abrupto – repentinamente, inopinadamente, arrebatadamente
Ex cathedra – de cátedra, em função do próprio cargo
Ex corde – do coração
Ex expositis – do que ficou exposto
Ex officio (pronuncie êx ofício) – por lei, oficilamente, em virtude do próprio cargo
Ex positis (pronuncie pósitis) – do que ficou assentado
Ex professo - como professor, magistralmente, com toda a perfeição
Exclusive – exclusivamente
Exempli gratia (pronuncie grácia) – por exemplo
Gratis – de graça
Grosso modo – por alto, resumidamente
Ibidem – aí mesmo, no mesmo lugar
Idem – o mesmo
In fine – no fim
In limine – no limiar, no princípio
In perpetuum – para sempre, para perpetuar
In totum – em geral, no todo, totalmente
Inclusive – inclusivamente
Infra – abaixo, no lugar inferior
Inter pocula – no ato de beber, no festim
Ipsis verbis – com as mesmas palavras, sem tirar nem por
Ipso facto – em virtude desse mesmo fato
Lato sensu – em sentido geral
maxime – principalmente, mormente
Mutatis mutandis – fazendo-se as mudanças devidas
Pari passu – a passo igual, junto
Per fas et per nefas – a torto e a direito, quer queira quer não, por qualquer meio
Primo – em primeiro lugar
Pro forma – por mera formalidade
Quantum satis ou quantum sufficit – o suficiente, o estritamente necessário
Retro – atrás
Secundo – em segundo lugar
Sic – assim, deste modo, com as mesmas palavras
Sine die – indeterminadamente, sem fixar dia
Statu quo – no estado em que
Stricto sensu – em sentido restrito
Supra – acima, no lugar superior
Una voce – a uma voz, unanimemente
Verbi gratia – por exemplo
Vice-versa – às avessas, em sentido inverso
O encontro entre o papa e os bispos austríacos
Andrea Tornielli também comenta, trazendo a mesma foto postada abaixo, o encontro do papa com os bispos austríacos. Segue tradução livre do post de seu blog:
Ao término do encontro com os bispos austríacos bento XVI lhes conclamou a viver uma maior comunhão com Roma e “a urgência do aprofundamento da fé, da fidelidade ao Concílio Vaticano II e ao magistério pós-conciliar da Igreja”. Os bispos austríacos presentes – informa a Sala de Imprensa do vaticana – eram os card. Christoph Schönborn, arcebispo de Viena e presidente da Conferência episcopal Austríaca, mons. Alois Kothgasser, arcebispo de Salzburg, mons Egon Kapellari, bispo de Graz-Seckau e vice-presidente da Conferência Episcopal Austríaca, mons. Ludwig Schwarz, bispo de Linz (na foto do post abaixo em procissão de Corpus Christi). Durante os encontros de ontem e hoje “foram tratados, em um diálogo fratermo e em espírito construtivo, alguns dos temas sobre a situação da diocese de Linz e da Igreja da Áustria, projetando soluções para os problemas em ato”. Se falou também “de questões doutrinais e pastorais e da situação do clero, do laicato, dos seminários maiores e da faculdade teológica de Linz e em outras dioceses da Áustria”. Além dos cardeais Re e Hummes, e o núncio de Vienna Zurbriggen, estavam presentes o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Levada, da Educação católica Grocholewski e o presidente do Pontifício Conselho para os leigos, cardeal Rylko.
Vatican issues declaration on Church in Austria
* * *
Attending
Cardinal Christoph Schoenborn
Archbishop of Vienna, Chairman of the Austrian Bishops’ Conference
Archbishop Alois Kothgasser
Archbishop of Salzburg
Bishop Egon Kapellari
Bishop of Graz-Seckau, Vice Chairman of the Austrian Bishops’ Conference
Bishop Ludwig Schwarz Bishop of Linz
Also present was:
Archbishop Peter Stephan Zurbriggen
Apostolic Nuncio to Austria
From the side of the Roman Curia:
Cardinal Giovanni Battista Re
Prefect of the Congregation for Bishops
Cardinal William Joseph Levada
Prefect of the Congregation for the Doctrine of the Faith
Cardinal Claudio Hummes
Prefect of the Congregation for the Clergy
Cardinal Zenon Grocholewski
Prefect of the Congregation for Catholic Education
Cardinal Stanisław Ryłko
President of the Pontifical Council for the Laity
Eis o motivo da convocação dos bispos austríacos ao Vaticano
Procissão de Corpus Christi em Linz, Áustria
Do blog de Damian Thompson
15segunda-feira,
Um brinde: primeiro à consciência, depois ao papa
Bispos austríacos em Roma
11quinta-feira,
Novas ordenações na FSSPX
10quarta-feira,
Moto proprio leva Ecclesia Dei para Doutrina da Fé
9terça-feira,
A reforma de Bento XVI entre inovação e tradição
Recensão publicado na Revista Brasileira de História das Religiões.
BUX, Nicola. La riforma di Benedetto XVI: la liturgia tra innovazione e tradizione. Casale Monferrato: Piemme, 2008.
A liturgia foi um dos grandes temas que mobilizaram os católicos no século XX. O desenvolvimento do movimento litúrgico na Bélgica, França e inclusive no Brasil, acenderam animosidades entre aqueles que visavam uma liturgia mais viva e aqueles que defendiam a permanência daquela estabelecida por Pio V, na esteira do Concílio de Trento. Podemos dizer que o Concílio Vaticano II foi um dos momentos mais importantes do século XX sobre a questão litúrgica, já que com a sua constituição Sacrossantum Concilium lançava novo olhar sobre ela. As lutas interpretativas em torno desse documento, e não só dele, mas de todos os textos conciliares, levou ao que alguns denominam de “abusos” na prática litúrgica, apontando assim para um olhar negativo em relação a todo o concílio, o que levou aos sérios afastamentos, até ao cisma de Marcel Lefebvre e seus seguidores em 1988. Para o arcebispo a missa tridentina era a “missa de sempre” e assim deveria continuar. A fim de aproximar-se destes grupos no seio da catolicidade, J. Ratzinger, que acompanhou a criação da Comissão Ecclesia Dei, especialmente constituída para dialogar com os grupos tradicionalistas, publicou em 2007 o moto proprio de Bento XVI Summorum Pontificum, possibilitando, desde então, que a missa tridentina pudesse ser realizada sem a prévia permissão do bispo, como era anteriormente acordado. Mais uma vez não faltaram reações exaltadas. Enquanto uns comemoravam o documento, pela renovada possibilidade de terem a missa tridentina sem precisarem seguir burocracia que não raramente não resultava como o esperado, outros, partidários do conclamado “espírito do concílio”, viam no documento de Bento XVI mais um ato de traição ao concílio e sua carga de renovação. Para incendiar ainda mais a conjuntura, em mais um passo de aproximação, o papa levantou as excomunhões dos bispos lefevbvristas em janeiro passado. Uma defesa do documento e da atitude de Ratzinger pode ser lida no livro do consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, Nicola Bux, La riforma di Benedetto XVI: la liturgia tra innovazione e tradizione. Prefaciado pelo célebre jornalista Vittorio Messori, Bux trata dos significados da liturgia e as batalhas travadas em torno dela.
Nos capítulos 1 e 2 – La sacra e divina liturgia e A chi ci avviciniamo con il culto divino – Bux dá sua compreensão do que significa a liturgia, quais seus papéis, sua relação com a sacralidade. Para ele deve-se retomar a idéia de que existe uma continuidade entre a Igreja que nasce do Vaticano II e aquela que existe antes dele. Deve-se olhar para o passado, recebê-lo e renová-lo. Isso seria a verdadeira reforma. Assim, afirma que “senza critica orgogliosa e presunzione aspra, non scaricando il passato ma sopportandolo in continuità e cosi rinnovandolo”.
No capítulo 3 –
No quarto capítulo – La tregua del papa – Bux trata do moto proprio Summorum Pontificum e traz um pouco da história dos missais. Segundo ele, o documento teve três escopos centrais: favorecer a reconciliação interna da Igreja; oferecer a todos a possibilidade de participar da “forma extraordinária”, garantir o direito ao povo de Deus ao uso da “forma extraordinária”. O documento viria a corrigir a idéia, tanto de progressistas quanto de tradicionalistas, de que o missal romano, publicado pela última vez em 1962, e o missal de Paulo VI estavam
No capítulo 5 – La crisi ecclesiale e il crollo della liturgia – Bux trata de alguns aspectos crise pós-conciliar no campo litúrgico. O estudioso faz uma defesa ampla do moto proprio Summorum Pontificum. Para o teólogo, a crise que se abateu sobre a liturgia foi devido o fato de que no centro da ação litúrgica, frequentemente, não está mais Deus e a adoração a Ele, mas os homens e a comunidade. A crise começa quando a liturgia deixa de ser vivida como adoração
No sexto capítulo – Come incontrare il mistero – Bux inicia com uma persuasiva afirmação: perdeu-se o senso da liturgia porque foi perdido o senso da presença de Deus entre nós. O autor deseja trazer elementos específicos para uma vivência litúrgica que respeite seus elementos mais profundos. Despende algumas páginas sobre o “serviço sacerdotal” onde afirma que “la santa messa è come un’opera musicale scritta da un autore: va eseguita com fedeltà e non interpretata”. Em outra seção fala da participação dos fiéis. Segundo ao autor, o culto católico passou da adoração de Deus ao exibicionismo do padre, dos ministros e dos fiéis, com a piedade sendo abolida e liquidada pelos liturgistas como devocionismo, negando formas espontâneas de devoção de piedade.
O último capítulo – Un nuovo movimento litúrgico – passa a ser um clamor por uma nova forma de pensar a liturgia, não mais como uma ruptura, mas sim como algo orgânico e que respeite o passado. Para Bux, a renovação conciliar da liturgia tem ainda riquezas não exploradas, que necessitam ser colocadas em andamento, além de correções e integrações. O autor chega a sugerir algumas formas de reverter a “confusão” que se instalou na liturgia: a instituição de “visitas apostólicas” para a liturgia, já que devido à crise de obediência os documentos da Congregação para o Culto Divino ficam sem a devida acolhida; que os reitores e diretores das faculdades teológicas estejam conscientes das “deformações” e do “modo reto de celebrar”; promover encontro de sacerdotes e seminaristas dos movimentos eclesiais que são atentos à disciplina da Igreja; estudar o magistério eclesiológico e litúrgico de Pio XII (encíclicas Mystici Corporis e Mediator Dei) e a tradição litúrgica do Oriente. Bux tem como documento-chave de suas considerações a Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis.
A visão de liturgia e de Igreja que é trazida por Nicola Bux nessa obra é aquela orgânica, ligada estritamente ao âmbito eclesial e que reporta inúmeras vezes ao próprio pensamento de Bento XVI. O que podemos entrever em suas linhas é uma defesa da conduta seguida por Ratzinger na sua aproximação com os grupos tradicionalistas, principalmente com os padres da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), e uma estratégia bem pensada, contudo não tão bem executada (vide a “questão Richard Willianson”): a de pôr mais uma pedra sobre a hermenêutica da ruptura (base das gramáticas tradicionalistas e progressistas), a principal responsável, segundo o pontífice, da chamada “crise pós-conciliar”. A partir da liturgia, Bento XVI coloca mais uma pedra, senão a mais pesada delas.
6sábado,
Piacenza e Hummes esclarecem sobre "demissão clerical"
Trata-se de uma diretiva em coerência total com o direito canônico sobre o celibato sacerdotal, que responde a exigências pastorais particulares que os bispos têm de enfrentar no governo ordinário de sua diocese, explica o arcebispo Mauro Piacenza, secretário da Congregação para o Clero.
Em uma entrevista concedida nesta sexta-feira à Rádio Vaticano, o prelado italiano esclareceu interpretações erradas de uma carta enviada pela Congregação para o Clero aos núncios apostólicos para que informassem aos bispos diocesanos sobre estas novas faculdades concedidas pelo Papa a esta congregação vaticana em 30 de janeiro.
Em particular, alguns meios de comunicação haviam anunciado que estas novas normas preveem que o bispo aceite de maneira automática a demissão do estado clerical do sacerdote que leva uma vida em contradição com o celibato ou que tem comportamentos escandalosos depois de certo número de anos.
“Não há nada automático – declara Dom Piacenza. Tudo se avalia caso a caso e sempre em casos de situações graves. Ninguém pode pensar superficialmente em uma espécie de genérica simplificação em uma matéria tão delicada. Nenhum automatismo, mas avaliação, e avaliação rigorosa!”, afirma.
Segundo explicou em dias passados o cardeal Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, estas nova disposições se aplicam ao caso dos sacerdotes que abandonam o ministério para conviver com uma mulher ou casar-se civilmente, e que em certas ocasiões têm filhos sem nem sequer avisar o seu bispo.
“Pelo bem da Igreja e do sacerdote que abandona seu ministério – havia dito o cardeal Hummes –, é conveniente que a dispensa possa acontecer para voltar a colocar a pessoa em uma situação adequada, especialmente se há filhos.”
“Os filhos de um sacerdote têm direito de ter um pai em uma situação correta diante dos olhos de Deus e da própria consciência”, havia explicado o purpurado brasileiro para explicar o motivo das novas disposições, que “nascem da necessidade de ajudar estas pessoas”.
Nestes casos, e aqui está a novidade, o bispo não precisa esperar a que o passo seja dado pelo sacerdote, mas pode “tomar a iniciativa” para empreender o processo de demissão do estado clerical.
Dom Piacenza explica que esta norma, “em continuidade e coerência com o direito canônico vigente”, permite aos bispos de todas as dioceses do mundo dar este passo “com autêntica paternidade e caridade pastoral”.
Entre as faculdades especiais concedidas pelo Papa à Congregação para o Clero está, antes de tudo, a de tratar dos casos de demissão do estado clerical quando os sacerdotes tenham contraído casamento civil e não pensem em mudar de vida, assim como no caso de “clérigos culpados de graves pecados externos contra o sexto mandamento”.
As medidas permitem ao bispo “infligir uma justa pena ou penitência por uma violação externa da lei divina ou canônica”; e em casos verdadeiramente excepcionais e urgentes, e diante da falta de vontade de arrependimento por parte da pessoa, poderão infligir-se “penas perpétuas”, entre elas, “a demissão do estado clerical quando certas circunstâncias o exigirem”.
No entanto, explica o prelado, em cada caso se dará “um legítimo processo administrativo”, no qual “o direito à defesa sempre deve ser garantido”.
Segundo estas faculdades, será possível declarar a perda do estado clerical no caso daqueles clérigos que tenham abandonado o ministério “por um período superior a cinco anos consecutivos, e que persistam nesta ausência voluntária e ilícita do ministério”.
Porém, declara, nestes casos não se trata de um automatismo.
O celibato sacerdotal, conclui Dom Piacenza, é “um dom que a Igreja recebeu e quer custodiar, mais convencida que nunca de que é um bem para si mesma e para o mundo”.