Documento que regulariza Ecclesia Dei sai em breve

Carta de Roma, #6

Outra conversa com um oficial do Vaticano… Mais, ainda mais sobre a próxima encíclica… E, verdadeira alegria…

Por Dr. Robert Moynihan, reportando de Roma.

Um importantíssimo documento deveria sair na última sexta-feira, 19 de junho.

Não veio na sexta. Nem sábado, nem domingo, nem segunda, nem terça, nem quarta, nem hoje.

E por detrás deste atraso há uma história.

De que documento estou falando?

Não da muito esperada encíclica social! Ela ainda está vindo, rolando adiante, devendo ser assinada em 29 de junho, a festa de São Pedro e São Paulo.

[...]

Não, estou falando completamente sobre outro documento: aquele regulamentando o futuro da comissão Ecclesia Dei (a Comissão fundada em 1988 para focar nas questões relacionadas à missa antiga e para prover cuidado pastoral para aqueles católicos ligados à antiga liturgia)

É um documento muito curto, talvez apenas três páginas. Circulam boatos de que está pronto já há algum tempo. E me contaram hoje que estava definitivamente agendado na última semana para publicação na sexta-feira, 19 de junho

Mas não saiu. Por quê?

[...]

Segundo um amigo aqui, “atrás do pretexto de mudar a Ecclesia Dei, e absorvê-la dentro da Congregação para a Doutrina da Fé, o Papa quer reabrir o diálogo teológico a respeito do Vaticano II”.

“O que você quer dizer?” perguntei.

“O Concílio Vaticano Segundo provocou um terremoto na Igreja”, disse meu amigo. “O clero, os leigos, o próprio Vaticano — tudo foi abalado. E agora, 45 anos depois, há apenas um grupo que quer um debate completo sobre o significado dos documentos conciliares: a Sociedade de São Pio X. E o própósito de mover a Ecclesia Dei debaixo da CDF é preparar o caminho para um debate completo sobre os documentos conciliares”.

“E então, qual o problema disso?”, perguntei.

“Veja”, disse meu amigo. “O documento regulamentando o papel da Ecclesia Dei está todo escrito. Tem três partes: 1) alguns pontos técnicos sobre como funcionará; 2) algumas medidas quanto a seu relacionamento com a CDF, dentro da CDF; e 3) um esboço de um programada para discutir o Vaticano II e como o Concílio deve ser interpretado em harmonia com a perene tradição da Igreja”.

“E?”, questionei.

“Esse é o problema”.

“Qual é o problema?” perguntei.

“Algumas pessoas não querem essas questões abertas novamente”.

O que está realmente acontecendo aqui?

Bento, sabendo que o Concílio Vaticano Segundo foi um divisor de águas na história da Igreja, e conhecendo também que a interpretação do Concílio levou a algumas direções inesperadas e errôneas, decidiu encarar o problema fundamental — o problema da interpretação do Vaticano II — ao colocar a comissão Ecclesia Dei no coração do departamento doutrinal mais importante na Igreja, na CDF.

E todavia, por alguma razão, a implementação dessa decisão está sendo atrasada.

Outro amigo hoje me contou que ele acredita que a visita dos bispos austríacos a Roma na última semana não foi compreendida.

“Os bispos austríacos, quem eles são?”, afirmou meu amigo. “Eles são Schonborn…”

Estava se referindo a Christoph Schonborn, o cardeal de 64 anos arcebispo de Viena, Áustria, e antigo aluno de Joseph Ratzinger.

“É significante que o Papa concorde em tirar dois dias falando com Schonborn”, disse meu amigo. “Creio que possa haver desenvolvimentos posteriores. Por exemplo, o Cardeal Levada acabou de fazer 73 anos em 15 de junho. O Papa poderia estar pensando em trazer Schonborn de volta a Roma, para tomar o lugar de Levada quando completar 75…”


Do site Inside the Vatican, via Fratres in unum

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