Podemos estar vivendo um dos momentos mais importantes da Igreja pós-conciliar nesses 50 anos de convocação do Vaticano II. Com as últimas tomadas de posição de Bento XVI, com sua afirmação de uma hermenêutica contínua do concílio, que preze a história milenar da Igreja, ameçam claramente as posições daqueles grupos que se achavam os "vitoriosos do concílio" e que imprimiram nas consciências, a partir de toneladas de publicações em editoras católicas ou não, a idéia de que a Igreja estava num caminho de uma "modernização teológica" e de uma democratização em suas tomadas de decisões, de uma ruptura com seu passado "intransigente". A tese da colegialidade do Vaticano II foi interpretada em seu senso largo, mesmo depois da nota praevia inserida no texto por Paulo VI, que presentia que sem aquela explicação de como deveria ser interpretada, o texto poderia esvaziar o primado papal. Mesmo assim a tese foi e é interpretada da forma que Montini não desejava. O bispado alemão fala em colegialidade ao criticar as posições do papa em relação aos seguidores de Lefebvre. Podemos ver isso a partir de uma análise do espanhol El País. Bento XVI deveria consultar os bispados mundias para tomar a decisão em relação a eles? Esse é o desejo de muitos, e seus discursos estão recheados de afirmações que apontam o papa, junto com seu antecessor, de "negadores do concílio", ao tomarem posições sem consultá-los. Não digo que não seja legítimo esse desejo de união e colaboração entre todos que pertençam à Igreja. E os bispos são muito importantes. Contudo, eles sabem que o Vaticano II tentou equilibrar o poder com a colegialidade, mas sem, nunca, tirar nada do primado. O papa continua a ser o ponto de referência central da Igreja romana. Desde o levantamento das excomunhões dos lefebvrianos agigantam-se as críticas a Bento XVI, e tudo o que é dito por ele é lido e interpretado, em vários meios de comunicação, sempre unilateralmente. A promoção de descrédito das posições de Ratzinger avoluma-se dia após dia. A mídia não para de apontar seus "erros", como se vê na matéria do El País acima referida. Em quem Bento XVI pode confiar? Parece, como visto no caso do levantamento da excomunhões e o dossiê que gira dentro do Vaticano, que a orquestração para desacreditar o papa vem de dentro e de pessoas "próximas". Alguns até dizem que o cardeal Re é um dos que não "batem" com Ratzinger. Lembrem-se que Re era um dos papáveis. O que existe é muita especulação sobre as relações Bento XVI-Cúria. E encaixo minhas palavras nesse contexto. O que não é especulação, e é mais claro que o sol, é que a descrença cresce em torno de Bento devido às interpretações unilaterais da mídia mundial de qualquer palavra do papa. A mesagem que passam é: nada pode se esperar de Bento XVI, a não ser atitudes atrapalhadas, que mais causam mal-estar do que qualquer outra coisa. Mas será que ele não sabe o que faz?
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